Ele teve prisão preventiva decretada na sexta-feira (14) e estava sendo procurado pela polícia. Mais de 300 mulheres denunciaram terem sido vítimas do religioso durante tratamentos espirituais.
Por G1 GO e GloboNews
O médium João de Deus se entregou à polícia neste domingo (16), por
volta das 16h30, nas proximidades de Abadiânia, na região central de
Goiás. Ele foi levado para uma delegacia. João de Deus é suspeito de
praticar abusos sexuais durante tratamentos espirituais.
João de Deus é suspeito de abusos sexuais e
sua prisão foi determinada pela Justiça na tarde de sexta, a pedido do
Ministério Público (MP-GO) e da Polícia Civil de Goiás. Ele era
considerado foragido pelo MP.
Mais de 300 mulheres afirmam ter sido vítimas do religioso. A defesa
nega. A prisão é preventiva – ou seja, sem prazo para terminar – e foi
decretada pelo juiz Fernando Augusto Chacha de Rezende, que responde
pela vara de Abadiânia durante as férias da titular.
A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que João de Deus se
apresentou espontaneamente ao delegado-geral e ao delegado titular da
Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic). Ele estava
acompanhado de advogados e ainda não existe decisão sobre o local onde
ele ficará detido.
Buscas anteriores
Até o sábado, a polícia fez buscas em mais de 30 endereços em busca do
médium sem sucesso, segundo o delegado-geral de Goiás, André Fernandes.
Ele disse que João teria até as 12h de sábado para se entregar.
Ocultação de patrimônio
O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) informou à TV Anhanguera, neste sábado (15), que João de Deus pode ter tentado ocultar patrimônio e que isso levou o órgão a acelerar o pedido de prisão do líder religioso.
Segundo o jornal "O Globo", as investigações apontam que o líder religioso retirou R$ 35 milhões de contas e aplicações financeiras desde que as primeiras denúncias de abuso vieram à tona.
“A gente já tem informações de que há providências do investigado
buscando ocultar patrimônio. Este fato está sendo apurado e todas as
medidas cabíveis estão sendo tomadas pelo MP-GO”, disse a promotora
Gabriella de Queiroz Clementino.
“Claro que esta notícia de ocultação e patrimônio reforça ainda mais os fundamentos da prisão”, afirmou.
O advogado de João de Deus, Alberto Toron, disse ao G1
que desconhece qualquer retirada de dinheiro. "Isso é da economia dele.
Eu não tenho a menor informação a respeito disso. Nunca perguntei e
nunca fui informado", afirmou.
Última visita à Casa
Na manhã de quarta-feira, o médium compareceu à Casa Dom Inácio de
Loyola, onde realiza os trabalhos espirituais, pela primeira vez desde
que as denúncias vieram à tona. Durante os poucos minutos que ficou no
local, ele disse que era inocente e que confiava na Justiça de Deus e
dos homens.
“Meus queridos irmãos e minhas queridas irmãs, agradeço a Deus por
estar aqui. Ainda sou irmão de Deus, mas quero cumprir a lei brasileira
porque estou na mão da lei brasileira. João de Deus ainda está vivo. A
paz de Deus esteja convosco”, diz João de Deus.
A assessora de imprensa do religioso, Edna Gomes, afirmou, após as
declarações, que o médium era inocente, mas que as denúncias eram graves
e deveriam ser apuradas.
Denúncias
O jornal "O Globo", a TV Globo e o G1 têm
publicado nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se
sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Não se trata de questionar os
métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o
procuram.
A força-tarefa que investiga as denúncias contra João de Deus começou o
trabalho de investigação na segunda-feira (10), depois que o programa
Conversa com Bial divulgou o relato de 10 mulheres que disseram ter sido
abusadas sexualmente pelo médium.
O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO), que assim como a
Polícia Civil, investiga a suspeita de crimes sexuais durante
tratamentos feitos pelo religioso, havia contabilizado, até o fim da
terça-feira (11), mais de 200 denúncias contra o médium.
Para atender às mulheres que não moram em Goiás, o MP-GO preparou uma
sala de videoconferência. Nela, ficam os cinco promotores de Goiás que
participam da força-tarefa, duas psicólogas e dois tradutores de línguas
estrangeiras.
“Temos casos fora do Brasil, por isso, temos a necessidade de
acompanhamento para ajudar a gente a esclarecer todas essas situações”,
afirma o procurador-geral do órgão, Benedito Torres.
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