quinta-feira, 8 de março de 2018

Fidelidade do PT a Lula vira abraço em afogado


É duro o dilema dos petistas. Querem aproveitar até o último suspiro o que restou de fôlego a Lula. Mas se arriscam a afundar junto com ele nas páginas tormentosas dos processos criminais. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, adicionou vento na tempestade petista. Fez isso ao desmembrar o inquérito do “quadrilhão” do PT, enviando da Suprema Corte para a primeira instância de Brasília as acusações contra petistas sem mandato, entre eles Lula e Dilma Rousseff.
Apura-se neste caso um esquema que rendeu R$ 1,485 bilhão em propinas a partir de negócios trançados na Petrobras, no BNDES e no Ministério do Planejamento. Iniciadas sob Lula, as malfeitorias perduraram no mandato de Dilma, acusa o Ministério Público Federal. A encrenca ainda demora a ser julgada. Mas o vaivém do processo agita a correnteza, convertida num fluxo forte e contínuo de más notícias.
Submetido a dois placares unânimes —3 a 0 no TRF-4 e 5 a 0 no STJ— Lula mantém a pose de candidato ao Planalto. Ficou numa situação parecida com a do náufrago que se agarra ao jacaré imaginando tratar-se de um tronco. E vem mais onda por aí. Lula é réu em meia dúzia de processos. Se o tríplex do Guarujá, onde ele diz não ter dormido nenhuma noite, rendeu 12 anos de cana, o processo do sítio de Atibaia, onde passou dezenas de finais de semana, pode render muito mais.
Nesse cenário, o sólido casamento de interesses que leva o PT a se manter fiel ao grande líder ganhou outro nome na esfera criminal: Abraço em afogado. No processo desmembrado por Fachin, Lula e os demais encrencados são acusados de formar uma organização criminosa. Se ainda restou ao petismo uma banda honesta, a aliança incondicional com Lula introduz no enredo uma sádica novidade: afoga-se o melhor para retardar o afundamento do pior.
Josias de Souza

Nenhum comentário:

Postar um comentário