Acossado por críticas, Henrique Meirelles esforça-se para negar que suas ambições políticas atrapalhem suas obrigações funcionais. “Tenho dito reiteradas vezes que só decidirei sobre candidatura em abril”, escreveu o ministro da Fazenda no Twitter, na quinta-feira. “Meu foco está 100% voltado ao meu trabalho de organizar as contas públicas, fazer a economia crescer e gerar mais empregos.”
Pois bem. Decorridas 24 horas, Meirelles faz hora extra para desfilar suas pretensões presidenciais, na noite desta sexta-feira, num evento evangélico organizado pela igreja Sara Nossa Terra. A coisa acontece em Vicente Pires, uma comunidade de classe média baixa do Distrito Federal. Esta é a quinta vez que o ministro injeta encontros com evangélicos em sua agenda.
Meirelles costuma dizer que um ministro da Fazenda não pode limitar seus contatos ao mundo empresarial. Não se cansa de realçar a importância de dialogar também com os evangélicos. Eles somam “30 milhões de pessoas no país”, contabiliza.
Nesse ritmo, Meirelles vai acabar acreditando em Deus, já que ficou difícil crer na reforma da Previdência e no equilíbrio das contas públicas. Mas depois de 7 de abril, quando trocar definitivamente o ministério pelo palanque, o presidenciável descobrirá que não é fácil exercer o dom da ubiquidade. Deus está em toda parte. Mas, normalmente, o demônio controla a política.
Josias de Souza
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