quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
"A persistência de
alguns seguidores mostra que, apesar do prazo de validade vencido, o
petismo persiste como um potente alucinógeno". Artigo de Percival Puggina.
Enquanto apreciava os
minuciosos e precisos votos dos desembargadores federais que aumentaram
as penas de Lula, eu me lembrava do powerpoint. É, esse mesmo em que
você está pensando e que foi empregado pelo MPF, em 2016, para mostrar a
rede da organização criminosa já identificada pela Lava Jato, tendo
Lula no centro das atividades. Em relação às investigações da
força-tarefa, aquele powerpoint representava o conhecido bordão - “Não
entendeu? Quer que eu desenhe?”. Pois foi exatamente a posição
proeminente de Lula que levou os desembargadores federais a lhe agravar a
pena. Uma pessoa em tão alta função não poderia abusar assim de seu
poder.
Na maioria dos
processos contra o ex-presidente, salta aos olhos o fato de tantos
empreiteiros e empresários se sentirem devedores a ele dos favores que
lhes eram sugeridos ou solicitados: o aluguel do apartamento vizinho ao
seu em São Bernardo do Campo, o tríplex de Guarujá e seus equipamentos, o
depósito da “tralha” da Presidência, o terreno para o Instituto Lula,
os convites para as palestras de alto cachê, a conta corrente no
Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht e o sítio de Atibaia
formam a parte já visível desse iceberg de relações espúrias.
Lula e o lulismo, o
PT e o petismo se consideram protagonistas de um projeto socialista,
definição presente em praticamente todos os documentos do partido. O
resultado, desde a fundação em 1980, é uma insubmissão à ordem vigente,
que acusa de ser burguesa, elitista e desatenta ao bem dos pobres. O PT
está, assim, do outro lado do muro ideológico que constrói, assumindo-se
como protagonista da justiça social, insubmisso às exigências da moral
burguesa, fazendo de seus bandidos “guerreiros” e “heróis”. Eis aí o
selfie do lulismo e do petismo, a imagem que reproduzem sem cessar e na
qual se veem essencialmente virtuosos. Ela, a autoimagem, “santifica”
todas as ações praticadas à margem da lei! Por isso, age o PT dentro e
fora das instituições, conforme lhe convenha a cada momento ou
circunstância. A regra de ouro é a própria conveniência, sempre vista,
mesmo quando puramente pessoal, como subsídio ao projeto revolucionário.
E tudo se justifica pela suposta soberania moral que seria inerente ao
projeto político. Se o leitor não percebeu, acabei de traçar um
denominador comum a todos os totalitarismos e a seus abusos.
Pois bem, o alto
comando e a plebe petista estiveram em Porto Alegre. Enquanto a elite
socialista se hospedou no Sheraton, a patuleia acampou num parque, à
beira do Guaíba, sob chuva e vento. Enquanto a turma do andar de cima se
regalou nas mais sofisticadas churrascarias da cidade, a turma sob a
lona, a turma da pobreza que não existe mais, a turma que, segundo Lula,
agora “viaja de avião”, foi no cardápio tradicional: sanduíche de
mortadela.
Após 14 anos no
governo, o legado desse suposto zelo pelos pobres inclui, também, o
estrago causado pela propaganda do socialismo, que, mentalmente, arrasta
parcela da nação para o atraso. E vai além, exibindo a pobreza que
vemos, os 13 milhões de desempregados, a economia em frangalhos, a
desastrosa educação pública, os precários serviços de saúde e a
criminalidade multiplicando seus indicadores em proporções
aterrorizantes. Um dano que talvez não se repare em uma década.
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