terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Espírito natalino baixou na 2ª Turma do Supremo


O espírito natalino baixou na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal. Por maioria de votos ou por obra e graça de decisões monocrátricas do ministro Gilmar Mendes, saltaram do supremo saco de bondades dois habeas corpus, um trancamento de processo e quatro sepultamentos de denúncias criminais. Tudo isso nesta segunda-feira.
Abriram-se as celas de Adriana Anselmo e de Marco Antonio de Luca, respectivamente mulher e provedor de propinas de Sérgio Cabral, o multi-condenado ex-governador do Rio de Janeiro.
Suspeudeu-se um inquérito por suspeita de corrupção que corria no STJ contra o governador tucano do Paraná Beto Richa. De resto, foram ao arquivo denúncias criminais contra o senador Benedito de Lira (PP-AL) e os deputados Arthur Lira (PP-AL), Eduardo da Fonte (PP-PE) e José Guimarães (PT-CE).
As decisões que beneficiaram Adriana Anselmo e Beto Richa são da lavra de Gilmar Mendes. Todas as demais foram tomadas por uma magra maioria de dois votos a um. Relator da Lava Jato, o ministro Edson Fachin votou a favor da tranca e do banco dos réus. Gilmar e o colega Dias Toffoli abriram as celas e os arquivos. Ausentaram-se Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.
De duas uma: ou o Ministério Público e as instâncias inferiores do Judiciário realizam um péssimo trabalho ou a Segunda Turma do Supremo, autoconvertida numa espécie de Lapônia, decidiu provar aos encrencados da República que Papai Noel existe.
Josias de Souza

Versão de Alice no país dos espelhos convenceria mais que defesa de Lula

Josias de Souza

A história do apartamento de São Bernardo, vizinho à cobertura da família Silva, ocupado por Lula desde 2011, é feita de uma sequência de fatos extraordinários vividos por personagens ordinários. Na versão da Lava Jato, o apartamento foi presenteado a Lula pela Odebrecht. O amigo José Carlos Bumlai arranjou um laranja, Glauco Costamarques, para encenar o papel de proprietário. E a ex-primeira dama Marisa Letícia entrou em cena como hipotética locatária do imóvel.
Costamarques, o proprietário de fancaria, diz que, por cinco anos, não recebeu um níquel de aluguel. Os investigadores atestaram que não há vestígio dos pagamentos. A defesa de Lula alegou que, entre 2011 e 2015, Marisa, que já está morta, pagou o aluguel em dinheiro vivo. Nessa versão, em plena era das transações bancárias eletrônicas, madame teria movimentado R$ 189 mil em grana viva. Ai, ai, ai…
Só no final de 2015, com a Lava Jato a pino, o aluguel começou a ser pago, contou Costamarques em depoimento. No leito hospitalar, o ''laranja'' assinou os recibos de um ano num dia. A defesa de Lula diz que os recibos existem e que as assinaturas são reais. A força tarefa de Curitiba dispensou, por desnecessária, a perícia. O problema não é a autenticidade do papelório. A questão é que eles contam uma história que faria mais nexo se fosse contada por Alice no país dos espelhos.

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