Entenda
por que o Deputado Jair Bolsonaro é um candidato muito mais forte do
que as pesquisas fazem parecer e saiba o que esperar de sua candidatura.
Jair
Bolsonaro? Lula? Ciro Gomes? João Dória? Geraldo Alckmin? Luciano Huck?
Marina Silva? Daqui a exatamente um ano, em novembro de 2018, saberemos
quem governará o Brasil entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022.
Durante os próximos 12 meses, no entanto, a disputa permanecerá aberta e
com um resultado mais ou menos incerto.
Talvez seja pela ansiedade causada por
essa incerteza que especulações de todos os tipos comecem a se alastrar e
a ganhar força, conforme o período eleitoral vai se aproximando. Talvez
seja por isso também que previsões e pesquisas (científicas e não tão
científicas) estejam recebendo tanta atenção e espaço no debate público —
seja nos veículos de mídia tradicionais, seja nas redes sociais.
Essa
situação conturbada pede cautela e também que análises críticas dessas
pesquisas sejam realizadas esporadicamente, pois, ainda que descartemos
os possíveis problemas éticos envolvendo grandes institutos de pesquisa,
inúmeros problemas de ordem teórica e metodológica permanecem. Afinal,
mesmo as pesquisas mais sólidas e confiáveis do ponto de vista
metodológico possuem limitações quase intransponíveis, das quais a maior
é a impossibilidade de abarcar uma porção de variáveis que não podem
ser quantificadas e examinadas em pesquisas desse tipo.
As metodologias utilizadas pelo IBOPE e
pelo Datafolha, por exemplo, são extremamente problemáticas e não podem
jamais ser encaradas como um processo simples e objetivo de coleta,
organização e apresentação de dados. Para que possam ser corretamente
compreendidas, as pesquisas desses institutos deverão ser vistas como o
que de fato são: complexas estruturas estatísticas montadas para
refletir leituras particulares da realidade, que, por sua vez, são
sempre orientadas por um conjunto de pressupostos conceituais, que, das
duas uma, ou refletem alguma convenção subjetiva ou expressam o
resultado de uma análise objetiva das intenções, decisões e ações
humanas não quantificáveis — no caso dos grandes institutos de pesquisa,
infelizmente, a primeira opção sempre prevalece.
Na
prática, isso significa que toda pesquisa eleitoral deve ser
interpretada com base nesse conjunto de pressupostos subjacentes e que
sua validade dependerá sempre da validade destes últimos.
Foi essa constatação que me permitiu
perceber, com um ano de antecedência, que a metodologia das pesquisas
eleitorais americanas não era capaz de representar adequadamente as
intenções dos eleitores, já que refletia o consenso subjetivo do
establishment acadêmico e midiático americano, que não compreendia (na
verdade, sequer enxergava) o eleitor que estava na mira de Donald Trump.
Essa falha minou, desde as bases, a capacidade preditiva das pesquisas e
levou todos os analistas que nelas se apoiaram a erros vergonhosos. Por
meio de alguns ajustes e correções qualitativos, no entanto, foi
possível prever corretamente o resultado das eleições em 48 dos 50 estados americanos.
Há
uma enorme possibilidade de que isso venha a se repetir no Brasil, uma
vez que mesmo as pesquisas que utilizam metodologias capazes de
contornar alguns desses problemas terão, inevitavelmente, uma margem de
erro factual maior do que aquela dada por cálculos estatísticos.
Assim, nem mesmo pesquisas como as do
Data Poder360 — de longe, as que possuem a metodologia mais adequada
para o contexto brasileiro — podem substituir uma análise qualitativa,
capaz de realizar os ajuste necessários e dar conta das nuances e das
oscilações comuns a uma situação política instável e caótica como a que
temos no Brasil.
Para preencher essa lacuna, o Senso Incomum
trará, esporadicamente, análises complementares, realizando os ajustes
necessários, abordando problemas que são ignorados pelo establishment
midiático e lançando luz sobre certos aspectos da disputa
presidencial que ainda está se desenhando em nosso país.
Nesta primeira análise o objetivo é
compreender o potencial de voto e a força eleitoral do Deputado Jair
Messias Bolsonaro para além daquilo que as pesquisas quantitativas
revelam.
Segundo a pesquisa mais recente d0 Data
Poder360, o percentual de intenções de voto obtido pelo deputado carioca
oscila entre 20% a 27%, a depender do cenário. A pesquisa revela ainda
que ele possui um potencial de voto superior ao de todos os seus
adversários, incluindo Luciano Huck, e que a rejeição a seu nome tem
diminuído mês após mês. No entanto, uma análise qualitativa simples
basta para revelar que a força eleitoral de Bolsonaro é ainda maior do
que as pesquisas quantitativas são capazes de captar. Senão vejamos.
A grande mídia raramente dá qualquer
espaço ao Deputado Jair Bolsonaro e, quando o faz, sempre o apresenta da
maneira mais negativa possível. Não é exagero dizer que o grande
público só o conhece por meio de um filtro que distorce a sua imagem,
demoniza a sua personalidade e, é claro, omite todas as suas qualidades e
virtudes, além de maximizar e até fabricar defeitos.
De algum modo, o reflexo disso pode ser
visto nas pesquisas eleitorais. Podemos ficar impressionados ao
constatar que o candidato que representa tudo o que o establishment
repudia tem algo entre 20% e 27% das intenções de voto mesmo antes de
dar início à sua campanha, mas isso é pouco perto do que ele teria se
nossos jornalistas estivessem mais interessados em fazer jornalismo do
que em empreender uma verdadeira guerra contra ele e contra tudo o que
ele representa.
Na Globo, na Folha de São Paulo e no
Estadão, quem quer que pense como o Deputado Jair Bolsonaro – ou seja, a
quase totalidade do eleitorado nacional, de acordo com pesquisas
encomendadas por esses mesmos veículos – é considerado um extremista de
direita, indigno de ser ouvido e merecedor de todos os ataques.
Esse é, aliás, um dos motivos pelos
quais durante muitos anos a democracia brasileira foi reduzida à
costumeira disputa em família entre candidatos de esquerda, na qual tudo
o que é concedido ao povo brasileiro é o direito de votar, de quatro em
quatro anos, em candidatos que representam o contrário de tudo aquilo
em que ele acredita.
É por isso, também, que temos apontado
que o maior problema brasileiro, junto com os problemas culturais
diagnosticados pelo Professor Olavo de Carvalho e com o morticínio
causado pelas políticas de segurança pública dos últimos 20 anos, é a
crise de representatividade.
Nunca houve uma situação em que o abismo
entre as elites e a realidade da vida popular fosse tão profundo.
Qualquer político, jornalista ou intelectual que ouse, mesmo que de modo
tímido, dar voz aos valores, às crenças e aos anseios populares acaba
sendo classificado como uma figura excêntrica, quando não como um
inimigo de tudo o que há de bom e virtuoso no mundo.
Apesar disso, a maioria absoluta das
pessoas que vivem no Brasil é conservadora, cristã, tem valores
tradicionais e preza pela ordem. Por isso mesmo, sempre esteve
desprovida de uma verdadeira representação política e sempre foi
marginalizada e excluída do espaço público. Porém, isso está começando a
mudar e, gradualmente, as pessoas vão se dando conta dessa mudança — e
aqui voltamos às pesquisas.
Ao analisarmos a divisão demográfica das
intenções de votos, três dados referentes ao eleitorado do Deputado
Jair Bolsonaro saltam aos olhos: até o momento, (1) quanto maior a renda de uma pessoa, maior sua propensão a votar nele; (2)
do mesmo modo, quanto maior o seu nível de instrução, maior sua
propensão a escolhê-lo como candidato; por fim, os dados revelam ainda
que (3) quanto mais jovem, independentemente da renda e do nível educacional, maior é a identificação com ele.
Isso causa um certo estranhamento, não?
Afinal, fatores centrais como o binômio identidade-voto tornam natural a
expectativa de que o apelo eleitoral do Deputado Jair Bolsonaro seja
ainda maior entre as camadas populares do que entre os grupos que ele já
conquistou — ele pensa, fala e age como um brasileiro médio; ele pensa,
fala e age de um modo que qualquer pessoa simples pode compreender e se
identificar; e, além disso, ele apresenta uma candidatura sui generis no contexto brasileiro e oferece a perspectiva de que esse eleitorado finalmente encontre uma representação política efetiva.
Portanto, ao olhar para esses dados, uma
hipótese se impõe: a explicação para a atual composição do eleitorado
do Deputado Jair Bolsonaro está na forma e nos meios utilizados pelos
eleitores para obter informações.
Aqueles que se informam pela internet
(jovens, pessoas mais instruídas e com renda maior) conhecem um
Bolsonaro ainda inacessível àqueles que se informam pela grande mídia,
sobretudo pela televisão, e que só o conhecem — quando conhecem —
através do filtro da imprensa, aquele mesmo que distorce sua imagem,
demoniza sua personalidade e omite todas as suas qualidades e virtudes.
Se essa hipótese se confirmar e a
candidatura do deputado não for barrada pelo ativismo judicial dos
ministros do STF, veremos que ele tem muito espaço para crescer e que,
através de uma campanha inteligente e com a estratégia certa para furar o
filtro da grande mídia, ele poderá consolidar um piso eleitoral
superior a 35% ainda no primeiro turno, um montante que poderá ser
facilmente ampliado, colocando-o em condições de sair do primeiro turno
com mais de 40% dos votos e de chegar ao segundo turno como o candidato a
ser batido — havendo, inclusive, chances reais de vitória no primeiro
turno.
Essa hipótese vai na contramão da aposta
do establishment midiático e acadêmico, que tem defendido a tese de que
o Brasil busca um candidato de centro e apostado que alguém com esse
perfil não teria dificuldade para desidratar a candidatura de Bolsonaro e
barrar seu crescimento. Tudo indica que o establishment erra justamente
por não compreender o que torna um candidato como Bolsonaro atraente,
não apenas para aqueles que já o apóiam, como para o brasileiro médio de
modo geral.
Seja por cegueira ideológica ou por
limitações epistemológicas, aqueles que têm apostado no triunfo de um
candidato de centro e subestimado a candidatura de Bolsonaro apoiam-se
em uma série de pressupostos equivocados como, por exemplo, a idéia de
que (1) a preocupação prioritária do eleitorado brasileiro é com a economia; (2) o eleitor brasileiro tende a escolher candidatos moderados; (3) as declarações de Bolsonaro incomodam o brasileiro médio tanto quanto incomodam o próprio establishment; (4) candidatos de centro e centro-esquerda são alternativas viáveis à candidatura Bolsonaro; e (5)
Bolsonaro não será capaz de montar uma campanha organizada e eficiente.
Há outros pressupostos equivocados, mas esses são os mais notórios e
mais notáveis, uma vez que revelam mais sobre a bolha em que vivem
nossos analistas e especialistas do que sobre a realidade política e
eleitoral do Brasil.
O
fato é que o establishment não compreende o fenômeno Bolsonaro porque
também não compreende o Brasil real, que se tornou impermeável para as
classes dominantes e incompreensível para a visão fantasmagórica dos
analistas as orientam. E uma das consequências imediatas dessa ordem de
coisas é que os ataques empreendidos pelo establishment contra Bolsonaro
não apenas não surtirão efeito, como impulsionarão seu crescimento e
ampliarão suas chances de se tornar o novo presidente da república.
Com quase doze meses pela frente, muita
coisa ainda pode acontecer, mas seja qual for o desfecho que nos
aguarda, Bolsonaro já é uma força política e eleitoral que não pode ser
ignorada, cujo impacto provavelmente mudará o cenário político
brasileiro para sempre. Reconhecer isso não é torcida, é abrir os olhos
para um dado objetivo da realidade e perceber para onde as coisas estão
se encaminhando. O que fazer com esse dado fica a critério de cada um de
nós. DO S.INCOMUM
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