Parecer de Sergio Zveiter (PMDB-RJ) foi apresentado à CCJ nesta segunda (10) e discussão deve começar na quarta (12). Relatório também será votado pelo plenário da Câmara.
O deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), relator na Câmara da denúncia
oferecida pela Procuradoria Geral da República contra o presidente
Michel Temer, recomendou nesta segunda-feira (10) o prosseguimento do
processo. A leitura do parecer durou uma hora.
Após a leitura do voto de Zveiter, o advogado do presidente, Antônio
Cláudio Mariz de Oliveira, passou a apresentar a defesa de Temer à
comissão. Ele afirmou que é "mentira" que o presidente tenha recebido "um vintém".
Procurado pelo G1, o Palácio do Planalto informou que não iria se manifestar sobre o assunto.
ESPECIAL G1: TEMER NA MIRA DA JUSTIÇA
Zveiter apresentou nesta segunda o parecer dele sobre a denúncia à
Comissão de Constituição e Justiça. A expectativa é que o relatório
comece a ser discutido nesta quarta (12) para, então, ser votado pelos
integrantes da CCJ.
Segundo Zveiter, a acusação contra Temer "não é fantasiosa" e os fatos
precisam ser apurados. O relator observou também ser "inviável" o não
prosseguimento do processo.
"Tudo nos leva à conclusão de que, no mínimo, existem fortes indícios da prática delituosa", completou.
Independentemente do resultado na comissão, o parecer será submetido a
votação no plenário da Câmara. Para a denúncia seguir ao Supremo
Tribunal Federal, precisa do apoio de, pelo menos, 342 deputados.
Com base nas delações de executivos do grupo J&F, que controla a JBS, Temer foi acusado pelo Ministério Público Federal de ter cometido o crime de corrupção passiva. Por se tratar do presidente da República, o Supremo só pode analisar a denúncia se a Câmara autorizar.
Leitura do parecer
Zveiter começou a ler o relatório sobre a denúncia às 16h09.
Até as 16h41, o deputado dedicou a leitura à apresentação da denúncia e
da defesa. Às 16h42, ele iniciou a leitura do voto, concluindo às
17h09.
No parecer apresentado à Comissão de Constituição e Justiça, o deputado
concluiu que a denúncia cumpre os requisitos da legislação e deve ser
acatada pela Câmara.
"Aqui na CCJ não condenamos ou absolvemos o denunciado, apenas admitimos ou não a acusação", observou.
"Procurei elaborar a melhor interpretação dos textos citados
baseando-me também na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do
Superior Tribunal de Justiça", acrescentou, em outro momento.
"A denúncia não é inepta", completou.
"A denúncia vem embasada em elementos que, ao menos em tese, [Temer] pode ter ocorrido crime."
Para Zveiter, um eventual arquivamento da denúncia não estabeleceria ao governo "o vigor necessário para sair dessa crise".
"Ao contrário, impedir o avanço das investigações e seu devido
julgamento seria ampliar perigosamente o abismo entre a sociedade e as
instituições que a representam."
Gravação de Temer e Joesley
Durante a leitura do voto, Zveiter discordou do argumento da defesa de Temer de que a gravação da conversa de Joesley Batista, dono da JBS, com o presidente, sem que Temer tivesse conhecimento, deveria ser descartada como prova.
"É lícita a prova consistente em gravação ambiental sem o conhecimento do outro interlocutor", afirmou o relator.
Sessão da CCJ
Antes mesmo da leitura, Sergio Zveiter já havia dito que o relatório é "predominantemente político" e com "foco forte" na parte técnica.
Durante a sessão, pouco antes da leitura do relatório, houve debate
entre deputados da base aliada e da oposição sobre se o procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, autor da denúncia contra Temer, deveria
ser ouvido pela comissão.
O presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), negou na semana passada pedidos para ouvir Janot e o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) recorreu ao Supremo.
Também durante a sessão, alguns deputados, até então titulares da CCJ, protestaram por terem sido substituídos.
Logo após a leitura do voto de Zveiter, o presidente da CCJ anunciou
que a defesa de Temer seria ouvida, mas deputados da oposição
protestaram, argumentando que o relator não representava na sessão a
acusação contra Temer.
Discussão sobre o parecer
Com a apresentação do relatório de Zveiter, a próxima etapa na CCJ é a
discussão do parecer, prevista para começar nesta quarta (12).
Terão direito a fala todos os 66 integrantes titulares da CCJ e os 66
suplentes (15 minutos cada), além de 40 deputados que não compõem
acomissão (10 minutos cada).
Em seguida, o relator, Sergio Zveiter, e a defesa terão nova oportunidade de se manifestar.
Votação
Pelas regras, o parecer de Zveiter será aprovado pela CCJ se tiver o
apoio mínimo de 34 deputados presentes à sessão de votação. Concluída
essa fase, o relatório seguirá para votação em plenário.
A denúncia contra Temer seguirá para o Supremo se tiver o apoio mínimo
de 342 deputados. No STF, se os ministros aceitarem a denúncia, Temer se
tornará réu e será afastado do mandato por até 180 dias.DO G1
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