Por Josias de Souza
A crise brasileira atingiu um novo estágio. Depois do julgamento do
Tribunal Superior Eleitoral, que absolveu a chapa Dilma-Temer por
excesso de provas, não há mais aquela sensação de que o governo e o
sistema político estão à beira do abismo. O governo de Michel Temer é a
vivência do abismo. Brasília atravessa uma conjuntura de impasse
institucional, em que a pior hipótese sempre vence.
Uma das
características da crise é a ausência de espanto. Roubaram até o ponto
de exclamação. O governo assegura que o ambiente é de normalidade. E o
anormal passa a ser visto com crescente naturalidade. Os ministros sob
suspeição, o ex-assessor preso, os apoiadores e os opositores
apodrecidos, o presidente investigado por corrupção… Tudo ganhou ares de
hedionda normalidade.
Ninguém ignora que o governo Temer nivela a
política por baixo. Mas os principais atores preferem mantê-lo no cargo
a organizar a eleição indireta de um presidente decente. A decência na
Presidência viraria opção automática para a reeleição em 2018. E isso
não interessa ao sistema apodrecido.
Sujos, petistas pregam uma
eleição direta que sabem ser inviável. Mal lavados, tucanos e
peemedebistas se enrolam na bandeira das reformas enquanto providenciam
os 172 votos de que Temer precisa para se livrar de uma ação penal no
Supremo Tribunal Federal. Num ambiente assim. quando você ouvir alguém
falando em patriotismo do seu lado, segure a carteira.
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