Inicialmente, o MPF acreditava que o esquema de lavagem de dinheiro entre a construtora Andrade Gutierrez (AG) e a VW atendia apenas ao ex-superintendente de construção da Eletronuclear, José Eduardo Costa Mattos. Mas agora os procuradores dizem que o esquema também contemplava os ex-diretores Edmo Negrini (Administração e Finanças), Luiz Soares (diretor técnico), Luiz Messias (Superintendência de Gerenciamento de Empreendimentos) e Pérsio José Gomes Jordani (Planejamento, Gestão e Meio Ambiente).
Na primeira etapa da Pripyat, os quatro executivos já apareciam como receptores de propina da AG, mas apenas em dinheiro ou por meio das empresas Flexsystem Engenharia e Flexsystem Sistemas. Na fase complementar, foi identificada a ocultação e dissimulação da origem dos outros R$ 2,38 milhões de propinas da AG pela VW.
Além deles, foram acusados os empresários Marco Aurélio Barreto e Marco Aurélio Vianna, sócios da VW Refrigeração. A empresa que teria ainda como "sócio oculto" Costa Mattos, diz o MPF. Os sete já tinham sido denunciados na primeira fase da Pripyat acusados de receberem propina da Andrade Gutierrez.
Com base em dados bancários, o MPF rastreou os repasses de propina para os outros ex-diretores, que variam entre R$ 706,5 mil (Luiz Soares) e R$ 446,9 mil (Luiz Messias).
Segundo os procuradores, ficou evidente a correspondência entre operações de pagamento e os saques das contas da VW, cujo único serviço prestado à Eletronuclear foi uma vistoria (e seu relatório) nas centrais de gelo do canteiro de obras da usina. A vistoria durou poucos dias e o ajuste fictício fixara mais de quatro anos de serviço.
"As saídas das contas da VW Refrigeração e os depósitos para os ex-gestores da Eletronuclear são suficientes para demonstrar que Negrini, Soares, Messias e Jordani, com a supervisão de Costa Mattos, se beneficiaram da lavagem de dinheiro da propina pela Andrade Gutierrez usando contratos fraudulentos com a VW Refrigeração", afirmam os procuradores.
Os autores da denúncia são os procuradores Leonardo Cardoso, José Augusto Vagos, Eduardo El Hage, Renato de Oliveira, Rodrigo Timóteo da Costa, Jessé Júnior, Rafael Barretto, Sérgio Pinel e Lauro Coelho Junior.
O ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, e outros 12 acusados já foram condenados no ano passado em ação penal que investigou crimes cometidos na construção da Angra 3. A Operação, chamada Radioatividade, foi um desdobramento da 16ª fase da Lava Jato. Ele foi condenado a 43 anos de reclusão, a maior pena dada no âmbito da Lava Jato.
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