O ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) informou que a
herança do governo Dilma Rousseff inclui um rombo orçamentário de cerca
de R$ 200 bilhões. “É um número absolutamente assustador”, disse Geddel
em entrevista ao blog, na noite desta quarta-feira
(18). A gestão petista estimara para 2016 um déficit de R$ 96 bilhões.
“Não corresponde à realidade”, disse o ministro. (veja acima os
principais trechos da entrevista. No rodapé do post, a íntegra)
“O
governo atual terá muitas dificuldades e terá que pedir muitos
sacrifícios para controlar e levar o país numa situação melhor até
2018”, acrescentou Geddel. Os apoiadores do governo no Congresso limpam a
pauta de votações à espera do projeto de revisão da meta fiscal que o
Planalto enviará na próxima semana. O prazo para votar a proposta expira
no domingo (29).
Segundo Geddel, o governo realiza um inventário
do legado de Dilma. Afora o déficit vitaminado, ele mencionou algumas
irregularidades já detectadas. Disse, por exemplo, que o PT explorava
politicamente a distribuição de chaves do programa Minha Casa, Minha
Vida, sob a responsabilidade do Ministério das Cidades. Mencionou também
a existência de funcionários fantasmas na Secretaria de Governo, que
era comandada pelo petista Ricardo Berzoini antes da sua chegada.
“O
PT estava aqui, na Secretaria, utilizando-se de cerca de mil cargos
para aparelhar a sua militância política”. Esses militantes não
trabalhavam?, indagou o repórter. E Geddel: “Não trabalhavam. Estamos
trabalhando na identificação desses processos.” O auxiliar de Temer não
chama a herança de Dilma de maldita porque “não seria original”. Prefere
dizer que “é uma herança de graves consequências para o país.”
Após
a conclusão do levantamento, Michel Temer pretende revelar os dados num
pronunciamento em rede nacional ou em entrevistas. Geddel afirma que o
trabalho é dificultado pela ausência de informações nos arquivos
oficiais. “Todos estão absolutamente abismados com as notícias que estão
recebendo desse inventário, que está sendo feito apesar de todas as
dificuldades, de não terem deixado dados, de não terem feito transição,
de não terem deixado nada registrado em computadores. Uma coisa que eu
chamaria de impatriótica.”
Perguntou-se ao ministro se houve o
sumiço deliberado de dados. “Eu tenho que ter cautela para lhe dizer
isso, mas as notícias que nós estamos tendo nesse primeiro momento são
muito ruins”, respondeu Geddel. Referindo-se à sua pasta, ele afirmou:
“Não ficou registro absolutamente de nada —do pagamento de emendas [de
parlamentares], da transferência de recursos… Tanto que nós estamos
pedindo aos ministros que suspendam pagamentos e empenhos feitos nos
últimos dias, para que possamos revisitá-los.”
Geddel acrescentou:
“Há uma série inacreditável de atos e nomeações, de coisas
absolutamente desprovidas de senso de responsabilidade que foram
praticadas nas últimas duas semanas. Estamos examinando aquilo que não
se transformou num ato jurídico perfeito ainda, para eventualmente
cancelá-los, para que a máquina governamental volte a andar com um
mínimo de transparência, […] não tão aparelhada como vinha sendo.”
Instado
a comentar a situação precária do presidente interino da Câmara, Waldir
Maranhão (PP-MA), Geddel disse que não há nada que o governo possa
fazer. “ “Não há vacância de cargo, não há instrumento nem legitimidade
para que ele deixe de ser o vice-presidente da Câmara. A vida como ela
é. O meu papel é fazer as votações acontecerem. E nós vamos fazer da
forma que seja possível, não, talvez, da forma ideal.”
Sobre o
movimento liderado por DEM, PPS e PSB para substituir Maranhão, Geddel
adota um tom pragmático: “Sou um homem experimentado. Existe um
discurso, é natural. E existe uma prática. A prática não permite que eu
tome uma atitude que não seja construir através do diálogo uma saída
para que o governo possa ter seus projetos tramitando na Câmara com
rapidez e que a sociedade tenha resultados. Eu não tenho direito, como
homem de govenro, de ficar fazendo discurso. Eu tenho que apresentar
resultados à sociedade. Essa é a orientação que eu tenho do presidente
Temer.”
Geddel falou também sobre a escolha do deputado André
Moura (PSC-SE) para desempenhar as funções de líder do governo na
Câmara. Reconheceu que o governo cogitou outro nome para a função:
Rodrigo Maia (DEM-RJ). Mas disse que Temer optou por Moura porque ele
atraiu o apoio de um expressivo grupo de partidos. Recordou-se ao
ministro que Moura responde a oito processo no STF. É réu em três ações
penais nas quais é acusado de desviar verbas públicas. Investiagam-no
também na Lava Jato. Até uma acusação de tentativa de homicídio pesa
sobre os ombros do novo líder.
Geddel não pareceu incomodado: “Ele
é um deputado, está no exercício do mandato. Não houve nenhuma
suspensão dos seus direitos políticos. E quanto eu digo a vida como ela
é, é porque nós precisamos aprovar matérias na Câmara. Matérias que são
urgentes e são exigidas pela sociedade basileira. Se você tem dez, 15
líderes que dão sustentação ao governo apoiando um parlamentar para
liderá-los, evidentemente que, ainda que haja todos esses senões que
você coloca, nós temos que levar em conta aquilo que é o interesse mais
imediato do país…” JDESOUZA
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