Na noite de domingo (24), a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) comemorava em seu Facebook a performance do ator José de Abreu que, após cuspir em um casal em restaurante por causa de uma discussão política, fez um comício a favor do PT no programa do Faustão. Gleisi, como de costume, não parecia preocupada com mais uma gravíssima denúncia que envolve seu nome no escândalo do Petrolão, investigado pela Operação Lava-Jato, no qual a senadora já havia sido denunciada por quatro delatores e devidamente indicada na Polícia Federal por corrupção passiva.
A nova denúncia é fatal para Gleisi, segundo revela o jornal “Folha de S. Paulo”. O advogado Antonio Carlos Brasil Fioravante Pieruccini, em depoimento de delação premiada, detalhou as entregas de dinheiro feitas em shoppings, apartamentos, estacionamentos e hotéis a pessoas ligadas a três políticos: a senadora Gleisi Hoffmann, o deputado federal Nelson Meurer (PP-PR) e o ex-deputado João Pizzolatti (PP-SC).
Os valores, de acordo com Pieruccini, foram providenciados pelo doleiro Alberto Youssef, um dos principais operadores do esquema de propinas que durante uma década funcionou deliberadamente Petrobras. O advogado é o terceiro entregador de dinheiro de Youssef que aceitou fazer delação no âmbito da Lava-Jato.
A íntegra de seis depoimentos prestados em fevereiro por Pieruccini – um dos quais foi citado, em parte, em relatório final da PF de março no inquérito que trata de Gleisi – foi tornada pública no último dia 13, após decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Pieruccini, em 2010 ele foi orientado por Youssef a fazer quatro viagens de São Paulo a Curitiba (PR) para entregar dinheiro à campanha de Gleisi, ex-ministra da Casa Civil (2011-2014).
O delator revelou ter ouvido de Youssef que os valores “tinham sido acertados com Paulo Bernardo”, marido de Gleisi e ex-ministro do Planejamento (2005-2011) e das Comunicações (2011-2015), e se destinavam à campanha eleitoral da candidata ao Senado.
Pieruccini disse que as entregas ocorreram em uma sala no PolloShop, localizado na rua Camões, em Curitiba, pertencente ao empresário Ernesto Kugler Rodrigues. Pieruccini levou uma caixa lacrada com a inscrição “P.B./Gleisi”.
Na sua frente, segundo o advogado, Kugler contou as notas, em um total de R$ 250 mil, mas fez duas reclamações: o primeiro valor “não dava nem para o cheiro” e a etiqueta da caixa não deveria mais aparecer nas próximas entregas – houve mais três, de mesmo valor, de acordo com ele.
As entregas a Meurer, segundo o delator, foram “mais de 30”, entre 2009 e 2011, quase sempre no hotel Curitiba, na cidade homônima, mas também no estacionamento do aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais (PR). Em relação a Pizzolatti, houve duas entregas em dinheiro – a primeira, de R$ 100 mil, no segundo semestre de 2009.
A Procuradoria-Geral da República denunciou Meurer e dois filhos dele em 2015, sob a acusação de participação no esquema de desvio de recursos da Petrobras. Em março de 2016, apresentou denúncia contra Pizzolatti e outros seis deputados do PP.
Em relação a Gleisi, a Polícia Federal anunciou o indiciamento da senadora, mas o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não concordou com a posição da polícia.
Ele alega que, em 2007, o Supremo proibiu a PF de fazer, por conta própria, o indiciamento de autoridades com foro privilegiado, como o presidente da República, ministros de Estado, senadores e deputados.
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