Adicionalmente, ministro fala bobagem sobre a duração do regime militar. Mas foi a menor delas, insista-se
Ricardo
Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal, costuma produzir
seu melhor pensamento quando está calado. O diabo é que, de vez em
quando, ele fala. E, por óbvio, também toma decisões.
Nesta sexta,
ele conferiu uma palestra numa faculdade aqui em São Paulo. Se há quem
queira ouvir, né?, fazer o quê? E disse o seguinte sobre a possibilidade
de Dilma perder o mandato em razão de um eventual processo de
impeachment.
“Estes três
anos após o golpe institucional poderiam cobrar o preço de uma volta ao
passado tenebroso de trinta anos. Devemos ir devagar com o andor, no
sentido que as instituições estão reagindo bem e não se deixando
contaminar por esta cortina de fumaça que está sendo lançada nos olhos
de muitos brasileiros”.
Trata-se de
uma fala energúmena, terrorista e militante. Quem fala aí é o petista,
pouco importa se de carteirinha ou não. O homem faz jus à forma como foi
indicado por Lula: a mãe dele era amiga de Marisa Letícia, mulher do
então presidente. E isso deu em notório saber jurídico. Adiante.
Golpe uma
ova. Quando um presidente da Suprema Corte chama de “golpe” o que está
previsto na Constituição e na Lei 1.079, das duas uma: ou não sabe nada,
ou o que sabe é má-fé. Idiota, Lewandowski não é. Ou não teria chegado
aonde chegou com seu currículo magro nas lentes jurídicas.
Volta ao
passado tenebroso de 30 anos? Do que esse cara está falando? Do regime
militar? Em primeiro lugar, a ditadura durou 21 anos, não 30. No dia 21
de abril de 1985, assumiu a Presidência o senhor José Sarney, e o velho
regime estava definitivamente morto.
Se a
ditadura tivesse durado 30 anos, teria se estendido até 1994, e a
Constituinte de 1988 teria sido redigida sob a força dos tanques. Por
que Lewandowski não se cala?
Em segundo
lugar, de que diabo de cortina de fumaça ele está a falar? A expressão
designa o uso de determinado evento para distrair as pessoas, para
tirá-las do foco, para levá-las a se fixar no que não tem importância,
deixando de lado o que tem.
Cortina de
fumaça, pois, é o discurso de Lewandowski, segundo o qual o impeachment
seria golpe. Este senhor está querendo que os brasileiros deixem de
considerar a responsabilidade de Dilma Rousseff na crise política que
vivemos — já nem se diga da econômica.
Este senhor
pretende que os brasileiros não divisem os crimes cometidos pelo PT,
que, pela segunda vez, é flagrado numa grande esquema para assaltar a
institucionalidade.
Gente como
Lewandowski provoca em mim uma profunda vergonha, aquela, a tal, a
vergonha alheia. Ele tem formação em direito, ainda que vá lá, se fosse
jogador de futebol, estivesse mais para um atacante do Íbis, o pior time
do mundo, do que para um Pelé… Refiro-me apenas à habilidade
específica, não ao caráter. Afinal, o Íbis quer ser o pior time do
mundo. E Lewandowski certamente se acha uma sumidade.
Ele sabe que
está contando uma grossa mentira jurídica e política ao classificar um
eventual processo de impeachment de golpe institucional. Mas por que se
obriga a fazê-lo: na melhor das hipóteses, que já é terrível, para ser
grato àquele que o alçou da mediocridade ao posto de um dos 11
indivíduos mais importantes da República.
Lewandowski é a evidência da miséria intelectual, teórica e jurídica que também chegou ao Supremo.
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