Vejam este cartaz.
Quando
Leonardo Picciani (RJ), líder do PMDB na Câmara, decidiu ceder aos
apelos do Planalto e entrou, vamos dizer assim, na manobra da reforma
ministerial que tem por objetivo conter o impeachment, certamente não
contava que iria se transformar numa personagem, a seu modo, bastante
popular, inclusive fora do Rio.
O PMDB se
tornou, como sabemos, o principal terreno de operações do Planalto para
tentar evitar o impeachment de Dilma. A presidente ofereceu para as
respectivas bancadas do partido na Câmara e no Senado a chance de
indicar cinco ministros. As negociações não passaram nem pelo vice,
Michel Temer, presidente da legenda, nem por Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
que preside a Câmara.
Com a
intermediação do governador Luiz Fernando Pezão (RJ) e suporte de
Eduardo Paes, prefeito da capital fluminense, o Planalto resolveu
conquistar Leonardo, filho de Jorge Picciani, presidente da Assembleia
Legislativa do Rio. Tido até então como um fiel aliado de Cunha, a
relação entre os dois esfriou.
Leonardo
entrou no radar dos movimentos de rua pró-impeachment. Neste domingo, o
Movimento Brasil Livre começou a espalhar cartazes que já circulam das
redes sociais. Um deles diz:
“Deputado Leonardo Picciani, ainda há tempo de ficar ao lado do povo. Não troque o futuro do Brasil por um par de ministérios. Estamos de olho e não vamos esquecer”.
“Deputado Leonardo Picciani, ainda há tempo de ficar ao lado do povo. Não troque o futuro do Brasil por um par de ministérios. Estamos de olho e não vamos esquecer”.
O cartaz é ilustrado com a imagem do deputado.
Levar o
PMDB a bater cabeça foi a fórmula encontrada pelo Planalto para tentar
impedir que o rito do impeachment avance. Os magos palacianos acenam —
como se já tivessem conversado com os russos — para a possibilidade de o
governo e o PT apoiarem, no ano que vem, o nome de Leonardo para a
Presidência da Câmara.
Já chamei a
atenção de vocês aqui para algumas questões numéricas. Caso Cunha, como
é provável, recuse a denúncia contra Dilma apresentada por Hélio
Bicudo, que conta com o apoio da oposição, deputados podem e certamente
vão recorrer. Para que a comissão especial seja instalada, são
necessários 257 votos — metade mais um dos 513 deputados. O primeiro
objetivo do Planalto é impedir esse número.
Ainda que
ele seja atingido, o outro quórum é o mais difícil de ser alcançado: 342
deputados que digam “sim” à denúncia, autorizando o Senado, então, a
abrir o processo contra a presidente, o que a obrigaria a se afastar do
cargo.
Se chegar a
esse ponto, o governo não faz questão nenhuma de vencer nos números: um
placar de 341 a 172 em favor da abertura do processo levaria ao
arquivamento, entenderam? Ou por outra: ainda que os favoráveis ao
impeachment tivessem quase o dobro dos votos, sem os dois terços, nada
feito!
Assim, é
evidente que a alteração da esplanada dos ministérios que a presidente
tenta fazer para abrigar novos peemedebistas não tem como objetivo fazer
reformas administrativa e ministerial: é só uma manobra
anti-impeachment.
Leonardo
Picciani virou personagem central dessa operação e, como não poderia
deixar de ser, entrou no radar dos movimentos que defendem o impedimento
da presidente.
Talvez ele não contasse com tanta notoriedade, não é mesmo?
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