quarta-feira, 10 de junho de 2015

Brasil só vai passar a limpo essa fase podre do lulopetismo quando chegar ao verdadeiro chefe do esquema


Duas empresas vinculadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberam, entre 2011 e 2013, 4,53 milhões de reais da empreiteira Camargo Corrêa, gigante da construção e um dos alvos da Operação Lava Jato, que desmantelou uma quadrilha que atuava sangrando os cofres da Petrobras. Laudo da Polícia Federal registra que a empreiteira pagou três parcelas de 1 milhão de reais cada ao Instituto Lula entre dezembro de 2011 e dezembro de 2013 e mais 1,527 milhão de reais para a LILS Palestras Eventos e Publicidade, também do petista, entre setembro de 2011 e julho de 2013.
Será que encontraram o batom na cueca do Lula? Será que o Brasil mostrará maturidade a ponto de investigar mais a fundo o “pai dos pobres” (de fato, pela quantidade de pobreza que seu populismo ajudou a parir, ele merece o título)? Ninguém pode acreditar que a sabedoria de Lula era o produto comprado pelos clientes que pagavam tão caro por suas palestras. Lula se mostra um “empresário” tão bom quanto Zé Dirceu, o “melhor” consultor do país, quiçá do mundo, a julgar pela remuneração de seu “trabalho”. Qual o segredo de Dirceu? E qual o segredo de Lula também?
Quando Erenice Guerra, a então “braço-direito” de Dilma, caiu após escândalo divulgado pela revista VEJA, gravei um vídeo celebrando a notícia, mas lamentando que “o chefe” continuava intocável.


Lula sempre gozou de uma espécie de “salvo-conduto”, de blindagem plena, de efeito Teflon, pois tinha a popularidade a seu favor, os “intelectuais” todos que, como Marilena Chaui, acham que o mundo se ilumina quando o ex-metalúrgico abre a boca, os sindicatos, a UNE, o MST, muitos jornalistas na imprensa chapa-branca. Enfim, Lula sempre foi deixado em paz, nunca o pressionaram de verdade, nunca cobraram maiores explicações, pois tinham medo, conivência.
Alguns poucos tinham coragem de cobrar mais investigações e a eventual punição daquele que, ao que tudo indicava, era o verdadeiro chefe do esquema todo. Quando a Operação Lava-Jato avançava, com a chance de um empreiteiro colocar a boca no trombone, cheguei a escrever um texto conclamando-o a entregar o chefão, o capo.
Mas muitos ainda temem Lula. Cada vez menos gente, é verdade, pois seu poder esvanece a cada dia. Sua popularidade dependia do crescimento chinês, do preço das commodities, do crédito abundante no país. Como já cheguei a comparar aqui, Lula estava para a política como Eike Batista para a economia. O toque de Midas era uma ilusão de ótica, nada mais.
O Brasil carrega uma mancha, uma sombra, que terá de ser dissipada eventualmente. Sem dizer que são a mesma coisa, pois sem dúvida não são, a fase podre do lulopetismo terá de ser passada a limpo como os italianos fizeram com o fascismo de Mussolini e os alemães com o nacional-socialismo de Hitler. São períodos vergonhosos que esses povos tiveram que tratar numa espécie de “divã coletivo”, para poder superar a vergonha do passado e seguir adiante.
O PT vem destruindo o Brasil há anos, e basta bom senso para perceber. Mas muitos ficaram anestesiados com as verbas públicas que jorravam do governo, com o mito do metalúrgico humilde que chegara ao poder, com o populismo escancarado. A grana acabou, a maré baixou, e todos viram o óbvio: que o PT nadava completamente nu. Nesse contexto, os fatos ganham nova visibilidade, e a questão ética retorna ao centro dos debates.
O povo brasileiro ignorou por tempo demais essa quadrilha no poder, os infindáveis escândalos de corrupção, o cinismo dos canalhas. Mas agora que a inflação come boa parte do salário, que a ameaça de desemprego bate à porta, que o clima de crise se instalou geral, as pessoas voltam a olhar para esses fatores e ficam revoltadas. É a chance que o Brasil tem de passar a limpo o lulopetismo, essa podridão toda que além de institucionalizar a corrupção no país, banalizou-a.
Esse objetivo só será alcançado no dia em que “o chefe” pagar por tudo que fez. Resta saber se os envolvidos na Operação Lava-Jato terão a coragem e a independência para seguir adiante, para apurar nos mínimos detalhes essa relação mais que suspeita entre Lula e os empreiteiros. Resta saber se a imprensa, dessa vez, fará sua parte. Ninguém deve ser intocável numa democracia republicana. Ninguém!
Rodrigo Constantino

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