Duas empresas vinculadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberam,
entre 2011 e 2013, 4,53 milhões de reais da empreiteira Camargo Corrêa,
gigante da construção e um dos alvos da Operação Lava Jato, que
desmantelou uma quadrilha que atuava sangrando os cofres da Petrobras.
Laudo da Polícia Federal registra que a empreiteira pagou três parcelas
de 1 milhão de reais cada ao Instituto Lula entre dezembro de 2011 e
dezembro de 2013 e mais 1,527 milhão de reais para a LILS Palestras
Eventos e Publicidade, também do petista, entre setembro de 2011 e julho
de 2013.
Será que encontraram o batom na cueca do
Lula? Será que o Brasil mostrará maturidade a ponto de investigar mais a
fundo o “pai dos pobres” (de fato, pela quantidade de pobreza que seu
populismo ajudou a parir, ele merece o título)? Ninguém pode acreditar
que a sabedoria de Lula era o produto comprado pelos clientes que
pagavam tão caro por suas palestras. Lula se mostra um “empresário” tão
bom quanto Zé Dirceu, o “melhor” consultor do país, quiçá do mundo, a
julgar pela remuneração de seu “trabalho”. Qual o segredo de Dirceu? E qual o segredo de Lula também?
Quando Erenice Guerra, a então
“braço-direito” de Dilma, caiu após escândalo divulgado pela revista
VEJA, gravei um vídeo celebrando a notícia, mas lamentando que “o chefe”
continuava intocável.
Lula sempre gozou de uma espécie de
“salvo-conduto”, de blindagem plena, de efeito Teflon, pois tinha a
popularidade a seu favor, os “intelectuais” todos que, como Marilena
Chaui, acham que o mundo se ilumina quando o ex-metalúrgico abre a boca,
os sindicatos, a UNE, o MST, muitos jornalistas na imprensa
chapa-branca. Enfim, Lula sempre foi deixado em paz, nunca o
pressionaram de verdade, nunca cobraram maiores explicações, pois tinham
medo, conivência.
Alguns poucos tinham coragem de cobrar
mais investigações e a eventual punição daquele que, ao que tudo
indicava, era o verdadeiro chefe do esquema todo. Quando a Operação
Lava-Jato avançava, com a chance de um empreiteiro colocar a boca no
trombone, cheguei a escrever um texto conclamando-o a entregar o chefão, o capo.
Mas muitos ainda temem Lula. Cada vez
menos gente, é verdade, pois seu poder esvanece a cada dia. Sua
popularidade dependia do crescimento chinês, do preço das commodities,
do crédito abundante no país. Como já cheguei a comparar aqui, Lula estava para a política como Eike Batista para a economia. O toque de Midas era uma ilusão de ótica, nada mais.
O Brasil carrega uma mancha, uma sombra,
que terá de ser dissipada eventualmente. Sem dizer que são a mesma
coisa, pois sem dúvida não são, a fase podre do lulopetismo terá de ser
passada a limpo como os italianos fizeram com o fascismo de Mussolini e
os alemães com o nacional-socialismo de Hitler. São períodos vergonhosos
que esses povos tiveram que tratar numa espécie de “divã coletivo”,
para poder superar a vergonha do passado e seguir adiante.
O PT vem destruindo o Brasil há anos, e
basta bom senso para perceber. Mas muitos ficaram anestesiados com as
verbas públicas que jorravam do governo, com o mito do metalúrgico
humilde que chegara ao poder, com o populismo escancarado. A grana
acabou, a maré baixou, e todos viram o óbvio: que o PT nadava
completamente nu. Nesse contexto, os fatos ganham nova visibilidade, e a
questão ética retorna ao centro dos debates.
O povo brasileiro ignorou por tempo
demais essa quadrilha no poder, os infindáveis escândalos de corrupção, o
cinismo dos canalhas. Mas agora que a inflação come boa parte do
salário, que a ameaça de desemprego bate à porta, que o clima de crise
se instalou geral, as pessoas voltam a olhar para esses fatores e ficam
revoltadas. É a chance que o Brasil tem de passar a limpo o lulopetismo,
essa podridão toda que além de institucionalizar a corrupção no país,
banalizou-a.
Esse objetivo só será alcançado no dia em
que “o chefe” pagar por tudo que fez. Resta saber se os envolvidos na
Operação Lava-Jato terão a coragem e a independência para seguir
adiante, para apurar nos mínimos detalhes essa relação mais que suspeita
entre Lula e os empreiteiros. Resta saber se a imprensa, dessa vez,
fará sua parte. Ninguém deve ser intocável numa democracia republicana.
Ninguém!
Rodrigo Constantino
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