Rosemary Noronha é denunciada pelo MPF por improbidade administrativa
Ex-chefe do escritório da Presidência em SP é acusada de receber favores em troca de nomeações
Por Sérgio Roxo
SÃO
PAULO - A ex-chefe do escritório da Presidência da República em São
Paulo Rosemary Noronha, amiga do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, foi denunciada pelo Ministério Público Federal (MPF) por
improbidade administrativa como desdobramento de irregularidades
levantadas na Operação Porto Seguro, deflagrada em novembro de 2012.
Rose já é alvo de uma ação criminal por corrupção passiva, tráfico de
influência e falsidade ideológica
Na
denúncia apresentada no dia 30 de abril, são listados os favores
recebidos pela ex-chefe do escritório da Presidência para fazer
indicações de nomeações e marcar reuniões para o ex-diretor da Agência
Nacional de Águas Paulo Vieira. Rose também é acusada de indicar o irmão
de Paulo, Rubens Vieira, para a diretoria da Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac). Os irmãos Viera comandariam uma quadrilha de venda
de pareces em órgãos federais. Eles também foram denunciados por
improbidade administrativa na nova ação proposta pelo MPF.
Ao
analisar a denúncia de improbidade administrativa, o juiz José Henrique
Prescendo, da 22ª Vara Cível Federal, disse que entre Rose e os irmãos
Vieira “havia uma identidade de propósito consistente em se beneficiarem
reciprocamente através das diversas condutas ímprobas que lhes são
imputadas”. O juiz cita o favorecimento da empresa Tecondi, que explora
terminais no Porto de Santos (SP), em processos no Tribunal de Contas da
União (TCU) e na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e
ingerência da ex-chefe do escritório da Presidência da República no
Ministério da Educação.
A
Operação Porto Seguro revelou que Rose obteve para o seu ex-marido José
Cláudio Noronha um diploma universitário falso para que ele pudesse ser
nomeado para o conselho de administração da BrasilPrev, seguradora do
Banco do Brasil. José Cláudio também foi denunciado por improbidade
administrativa, assim como João Batista de Oliveira Vasconcelos, outro
ex-marido de Rose. A empresa de Vasconcelos conseguiu um contrato com a
Cobra, braço tecnológico do Banco do Brasil.
Durante
as investigações, foi descoberto ainda que Rose e Paulo Vieira
planejavam abrir uma escola de inglês. A unidade, da rede Red Ballon,
registrada em nome de Meline e Mirelle, as duas filhas de Rose, e de seu
ex-marido Noronha, começou a funcionar no início do ano passado, em São
José dos Campos (SP).
Ao
analisar a denúncia de improbidade administrativa, o juiz Prescendo
declinou da competência para conduzir a ação e determinou a remessa do
processo para Brasília porque outras ações civis relacionadas à Operação
Porto Seguro já correm na capital federal. O juiz determinou ainda o
sigilo sobre o processo por causa da existência de documentos
decorrentes da quebra de sigilo telefônico, fiscal e bancário dos réus. O
Ministério Público Federal recorreu para que o processo seja mantido em
São Paulo.
O
advogado de Rose Noronha, Sérgio Renault, foi procurado em seu
escritório e não retornou a ligação. Marcio Cammarosona, que defende
Rubens Vieira, disse não ter tomado conhecimento da ação.
—
O comportamento do Rubens Vieira sempre foi correto e como nego que ele
possa ter praticado qualquer ato que possa caracterizar improbidade
administrativa — afirmou Cammarosano.
Os advogados de Paulo Vieira, José Cláudio Noronha e João Vasconcelos não foram localizados. DO R.DEMOCRATICA
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