A atriz Letícia Sabatella é quase tão
conhecida pelo seu engajamento político como por sua atuação na Rede
Globo, a mídia “capitalista” e “golpista” (sinônimos, segundo seus
próprios companheiros da esquerda radical). Em entrevista
ao Estadão hoje, mostrou como pretende fazer de tudo para permanecer na
vanguarda… do atraso. É a típica esquerdista caviar, que vive em seu
mundinho, em sua bolha, e posa de “consciente” contra os “alienados” –
aqueles que aderiram ao “sistema”.
Após desprezar as manifestações populares
que lotaram as ruas do Brasil em março e abril, que denotariam uma
“sombra coletiva terrível, racista, fascista, homofóbica e egoísta”, a
atriz enalteceu o MST e colocou a solução dos problemas nacionais na tal
“reforma política”, leia-se: o projeto petista de substituir a
democracia representativa pela direta, como aquela existente na
Venezuela (país que deveria ser idolatrado pela atriz, mas que sem
dúvida jamais seria escolhido como local para se viver, ao contrário da
França ou mesmo os Estados Unidos, sempre odiados no discurso).
Não acho que Sabatella seja
necessariamente hipócrita, ainda que claramente incoerente. Creio que
seu perfil combina mais com o da alienação, ironicamente o que ela
diagnostica na classe média trabalhadora hoje revoltada com o governo
Dilma. Sem embasamento teórico adequado, a atriz deixa sua autoimagem de
defensora dos oprimidos falar mais alto do que os fatos, e precisa crer,
de forma romântica, numa “solução mágica”, numa utopia igualitária.
Assim, ela ataca todo o “sistema”, os “egoístas” e “insensíveis” que só
pensam em ganhar mais, enquanto fecha ótimos cachês com o próprio
“capeta” capitalista.
Quando a atriz resolve dar pitaco sobre
educação, sai de baixo! Para ela, informação se obtém na internet, o que
torna as escolas obsoletas. Logo, o modelo de escolas conteudistas é
ultrapassado, e o ideal seria transformar as escolas em espaço para
“cidadania”, para a “formação do pensamento”. Em outras palavras:
esqueça a função da escola de instruir e transmitir conteúdo objetivo, e
vamos abraçar com vontade a estratégia de Paulo Freire e Gramsci para
“reformar a humanidade”, o que, na prática, significa apenas doutrinação
ideológica para produzir papagaios marxistas (alguns poderão até chegar
ao estrelato na Globo).
Ninguém deveria levar a sério a opinião
política ou ideológica de um ator ou uma atriz, pois não há
absolutamente nada que garanta seu conhecimento ou sabedoria sobre tais
tópicos. Infelizmente, não é assim que as coisas funcionam. A fama
obtida como ator ou atriz permite uma ampla audiência para a divulgação
de agendas políticas e ideológicas, quase sempre absurdas.
Por isso é preciso rebater as baboseiras
desses famosos, pois elas influenciam a população, que mistura as bolas e
presta atenção na mensagem só porque veio de alguém famoso. Não se
ligam que para atuar não é preciso ter conhecimento político ou
econômico algum. Algumas vezes basta ter um rosto bonito e saber mentir
bem, metamorfoseando-se em diferentes personagens de acordo com o
roteiro.
Rodrigo Constantino
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