Juiz Sérgio Moro |
Este
artigo do Elio Gaspari diz muito sobre sobre a Operação Lava-Jato, ou
seja, que está longe de terminar e avançará ao longo de 2015. Em certa
medida, é muito parecida com a “Operação Mãos Limpas” italiana que
começou em 1992, com a investigação de um gatuno banal e terminou como
uma das maiores faxinas ocorridas na Europa e obrigou o primeiro
ministro italiano ao exílio voluntário.
Gaspari
se vale de um artigo do discreto juiz Sérgio Moro, que conduz o
inquérito da Operação Lava-Jato. Vale a pena ler. Os gatunos do PT e
seus sequazes estão vendo apenas o começo da encrenca. Leiam:
Clique AQUI para ler na íntegra o artigo de Sérgio Moro que serviu de base para o escrito de Elio Gaspari. |
O que
ele quer fazer, e como quer fazer, parece uma questão aberta. Em 2004
Moro publicou um artigo intitulado "Considerações sobre a Operação Mani
Pulite" na revista da revista CEJ, do Conselho da Justiça Federal. Está
tudo lá.
A
"Operação Mãos Limpas" italiana foi uma das maiores faxinas ocorridas na
Europa. Começou em 1992, com a investigação de um gatuno banal.
A
magistratura, o Ministério Público e a polícia puxaram os fios da meada,
investigaram 6.000 pessoas e expediram 3.000 mandados de prisão. Caíram
na rede 872 empresários (muitos deles ligados à petroleira estatal) e
438 parlamentares.
O
serviço provocou a queda e o exílio voluntário do primeiro-ministro
Bettino Craxi. Ele dissera o seguinte: "Todo mundo sabe que a maior
parte do financiamento da política é irregular ou ilegal". (Craxi morreu
anos depois, na Tunísia.) A faxina destruiu a mística dos dois grandes
partidos do país, o Socialista e a Democracia Cristã.
Eles dominavam a Itália desde o fim da Segunda Guerra. Passados dois anos, minguaram. O PS teve 2,2% dos votos, e a DC, 11,1%.
A
corrupção política italiana assemelhava-se bastante à brasileira na
amplitude, na naturalidade com que era praticada e até mesmo na aura
protetora e fatalista que parecia torná-la invulnerável.
No seu
artigo, Moro mostra como a implosão da máquina de políticos,
administradores e empresários levou à "deslegitimização" de um sistema
corrupto: "As investigações judiciais dos crimes contra a administração
pública espalharam-se como fogo selvagem, desnudando inclusive a compra e
venda de votos e as relações orgânicas entre certos políticos e o crime
organizado".
O Moro
de 2004 diz mais: "É ingenuidade pensar que processos criminais eficazes
contra figuras poderosas, como autoridades governamentais ou
empresários, possam ser conduzidos normalmente, sem reações. Um
Judiciário independente, tanto de pressões externas como internas, é
condição necessária para suportar ações dessa espécie. Entretanto, a
opinião pública, como ilustra o exemplo italiano, é também essencial
para o êxito da ação judicial."
Os juízes: "Uma
nova geração dos assim chamados 'giudici ragazzini' (jovens juízes),
sem qualquer senso de deferência em relação ao poder político (e, ao
invés, consciente do nível de aliança entre os políticos e o crime
organizado), iniciou uma série de investigações sobre a má conduta
administrativa e política".
A rua:
"Assim como a educação de massa abriu o caminho às universidades para
as classes baixas, o ciclo de protesto do final da década de 60
influenciou as atitudes políticas de uma geração".
"Talvez a lição mais importante de todo o episódio seja a de que a ação judicial contra a corrupção só se mostra eficaz com o apoio da democracia. É esta quem define os limites e as possibilidades da ação judicial. Enquanto ela contar com o apoio da opinião pública, tem condições de avançar e apresentar bons resultados."
"Talvez a lição mais importante de todo o episódio seja a de que a ação judicial contra a corrupção só se mostra eficaz com o apoio da democracia. É esta quem define os limites e as possibilidades da ação judicial. Enquanto ela contar com o apoio da opinião pública, tem condições de avançar e apresentar bons resultados."
As malas: "A corrupção envolve quem paga e quem recebe. Se eles se calarem, não vamos descobrir, jamais."
As confissões:
"A estratégia de investigação adotada desde o início do inquérito
submetia os suspeitos à pressão de tomar decisão quanto a confessar,
espalhando a suspeita de que outros já teriam confessado e levantando a
perspectiva de permanência na prisão pelo menos pelo período da custódia
preventiva no caso da manutenção do silêncio ou, vice-versa, de soltura
imediata no caso de uma confissão."
A imprensa:
"As prisões, confissões e a publicidade conferida às informações
obtidas geraram um círculo virtuoso, consistindo na única explicação
possível para a magnitude dos resultados obtidos pela operação mani
pulite."
Serviço: o artigo de Moro está na rede. Não tem juridiquês.
DO ALUIZIOAMORIM
Parabéns pela matéria. Faço muita fé no Juiz Sérgio Moro. Acredito que o trabalho dele renderá bons frutos. Uma coisa é certa: o apoio do povo é muito importante. Sem isso fica difícil ele levar a frente uma operação de tamanha magnitude. Ele tem grandes qualidades: competência, humildade, honestidade e força de vontade. É o homem certo, na hora certa. Uma ótima noite. Abraços.
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