No computador de Youssef, há uma pasta com 12 arquivos referentes aos negócios do doleiro com a Petros. O
negócio foi intermediado pelo tesoureiro
do PT, João Vaccari Neto, e tratado diretamente com dois diretores da
Petros - indicações petistas, entre eles o ex-presidente do fundo Luiz
Carlos Fernandes Afonso (2011-2014).
Com isso, a Polícia Federal acredita ter conseguido fechar o ciclo de
uma transação que teria envolvido o pagamento de propina de R$ 500 mil a
dois diretores do fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás, feito
com empresas do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010, e
do doleiro Alberto Youssef - um dos alvos centrais da Operação Lava
Jato - e que causou prejuízo de R$ 13 milhões ao órgão.
No computador de Youssef, há uma pasta com 12 arquivos referentes aos negócios do doleiro com a Petros. O
negócio teria sido intermediado, segundo suspeita a PF, pelo tesoureiro
do PT, João Vaccari Neto, e tratado diretamente com dois diretores da
Petros - indicações petistas, entre eles o ex-presidente do fundo Luiz
Carlos Fernandes Afonso (2011-2014).
A PF registra a
possível interferência de um político não identificado "de grande
influência na casa" na liberação de um seguro, em órgão do Ministério da
Fazenda, que era condicionante para a transação. "Esse
recurso foi desviado para pagamento de propina para funcionários da
Petros", afirmou Carlos Alberto Pereira da Costa, advogado que, segundo a
PF, atuava como testa de ferro de Alberto Youssef.
Costa
tinha em seu nome pelo menos duas empresas usadas pelo doleiro, uma
delas envolvidas nessa transação com a Petros, a CSA Project Finance.
Ele afirmou ao juiz Sérgio Moro que na operação foi retirada uma propina
de R$ 500 mil que serviu para pagar os dois diretores da Petros.
Citados.
Os diretores são petistas e já citados em outros dois escândalos,
segundo registra a PF. "As negociações eram realizadas pelo lado da
Petros pelo senhor Humberto Pires Grault Vianna de Lima, gerente de
novos projetos da Petros, e pelo senhor Luis Carlos Fernandes Afonso,
diretor financeiro e de investimentos."
Afonso foi nomeado
diretor em 2003 e depois nomeado presidente da Petros, em 2011, cargo
que ocupou até fevereiro de 2014. Lima era diretor de Novos Projetos e
foi nomeado diretor de investimento da Fundação de Previdência
Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp).
O
ex-presidente da Petros foi condenado em primeiro grau por improbidade
sob a acusação de ter cobrado 'pedágio' de uma fundação para que ela
ganhasse um contrato na Prefeitura de São Paulo, em 2003. Na época, ele
era secretário de Finanças do governo Marta Suplicy (PT). A condenação é
de 2012 e está em fase de recurso.
Ferro velho. A
transação na Petros envolveu a compra de título de crédito emitido por
uma empresa falida que havia sido adquirida por Janene e por Youssef. A
Indústria de Metais Vale (IMV) foi criada para reciclar ferro velho e
vender o material para siderúrgicas, mas estava parada. Ela foi
registrada em nome do advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, réu da
Lava Jato.
Com a empresa falida, o grupo aportou nela R$ 4
milhões em 2007 e firmou contrato com a CSA Project Finance, que é do
doleiro e está em nome de Costa também - para que essa fizesse um
projeto de recuperação e captasse recursos antecipados. Para isso,
fechou um contrato de venda com recebimento antecipado de uma grande
siderúrgica nacional. "Com o objeto de antecipar recebíveis oriundos de
um contrato de compra e venda de ferro gusa (sucata), celebra entre a
IMV e a Barra Mansa, assim adquirindo investimento necessário para a
instalação de uma planta industrial, a IMV emitiu Cédula de Crédito
Bancário, no montante total de R$ 13.952.055,11", diz a PF.
Os
termos da cédula de crédito estão no HD do computador de Youssef. Com o
título de crédito emitido pelo Banco Banif Primus, o grupo, via CSA e
coligados, passou a tratar com os diretores da Petros a compra pelo
fundo de pensão.Documento apreendido pela Lava Jato com o
grupo mostra que eles teriam sido recebidos na Petros pelo então
diretor, que depois virou presidente.
Vaccari é suspeito de
ser o intermediador dos negócios do grupo com a Petros. No capítulo
sobre a compra do título de crédito da empresa IMV há um histórico sobre
suas relações com o partido. Seu nome foi citado na confissão dos réus
como elo de pagamentos de propinas em outras áreas e especificamente na
Petros em um e-mail interceptado entre os alvos da Lava Jato.(Estadão)
DO CELEAKS
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