Nestor
Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, vai depor na
CPI mista na próxima quarta, dia 10. Ele tem muitas coisas a explicar,
entre elas o fato de que morava num apartamento avaliado em R$ 7,5
milhões, que pertencia a um offshore que, nitidamente, tem um laranja no
Brasil (leia post). Mas há muito mais.
Segundo depoimento prestado por Cerveró à Justiça Federal do Paraná, informa o Estadão,
foi Paulo Roberto Costa quem indicou os membros da comissão de
licitação da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, uma das obras com
evidências escancaradas de superfaturamento. Não custa lembrar que,
entre os beneficiários de propina, o engenheiro inclui justamente
Eduardo Campos, que era, então, governador de Pernambuco.
A
refinaria de Abreu e Lima, construída pela Petrobras, talvez seja um
emblema da falta de limites da turma. Orçada inicialmente em US$ 2,5
bilhões, ela já custou, até agora, US$ 18 bilhões. Estima-se que o
esquema a que pertenciam Costa e o doleiro Alberto Youssef tenha
desviado, só nesse empreendimento, algo em torno de R$ 400 milhões.
Há mais: segundo informa O Globo,
“Costa concedeu vantagens financeiras, dilatou prazos e suprimiu
compromissos assumidos por Pernambuco num acordo firmado diretamente com
Campos”. Documentos obtidos pelo jornal revelam que Costa e Campos
“assinaram um termo de adiantamento de tarifas da Petrobras ao Porto de
Suape por conta do futuro uso do porto no transporte de produtos da
refinaria Abreu e Lima, cuja inauguração está prevista para novembro”.
O jornal
revela que “o termo foi assinado pelos dois em 18 de agosto de 2008 e
cita repasses de R$ 475,7 milhões da estatal ao governo pernambucano.
Pernambuco descumpriu um termo de compromisso assinado no ano anterior, o
que levou a um aditivo validado por Costa e Campos. A transação começou
a ser investigada pela Controladoria-Geral da União em junho deste ano.
Até agora, a estatal já repassou R$ 783 milhões a título de antecipação
de tarifas.”
É
impressionante como a Petrobras atuava — e talvez atue, vai saber — como
se fosse mesmo um governo independente. A cada dia, fica mais claro por
que o tal engenheiro preso havia arrolado Eduardo Campos como uma
testemunha de defesa.
Para
encerrar, é bom não quer esquecer: à Polícia Federal e ao Ministério
Público, Costa afirmou que esteve várias vezes com Lula, dando a
entender que o ex-presidente da República sempre soube o que se passava
por lá.
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