O método
utilizado pelo Ibope é de Nate Silver, que acertou o resultado de todos
os 50 Estados na eleição presidencial dos EUA. Não é pouco, viu, Dilma.
Matéria do Valor Econômico:
A mais
recente pesquisa do Ibope projeta uma vitória do senador Aécio Neves
(PSDB-MG) no segundo turno, com uma vantagem de 2 a 3,6 pontos
percentuais sobre a presidente Dilma Rousseff (PT), de acordo com a
consultoria Macrométrica. Para fazer a projeção, a Macrométrica usou o
esquema de análise de Nate Silver, o editor-chefe do site
"FiveThirtyEight". Silver ficou famoso por ter acertado o resultado de
todos os 50 Estados na eleição presidencial americana de 2012, quando
Barack Obama se reelegeu, ao vencer Mitt Romney.
O
relatório pede cautela. Segundo o texto da consultoria do ex-presidente
do Banco Central Francisco Lopes, ela "corre riscos em função de
eventual repúdio do eleitorado à política em geral e de uma eventual
perda de competitividade de Aécio, afetando seu fator de conversão (o
percentual de eleitores que não votou no tucano no 1º turno e o faz no
2º)".
No mais
recente Ibope, Dilma aparece com 38% das intenções de voto no 1º turno e
Aécio, com 23%. No 2º turno, a presidente bateria o tucano por 42% a
36%, com 22% dos entrevistados não optando por nenhum dos dois. "Esse
último percentual de não comprometidos tende a cair ao longo do tempo,
na medida em que uma parte for migrando para os dois candidatos", diz a
Macrométrica. Na enquete sobre o 1º turno, 39% dos ouvidos não escolhem
nem Dilma nem Aécio - preferem Eduardo Campos (PSB) ou o voto nulo, por
exemplo. Na simulação para o 2ºturno, essa fatia cai para 22%.
Aí entra
"a única hipótese arbitrária nesse exercício de projeção, que não sai
diretamente da pesquisa eleitoral", segundo a Macrométrica - o
percentual de eleitores não comprometidos com nenhum dos dois candidatos
que vai permanecer assim até o fim da eleição. Na primeira simulação,
esse percentual é fixado em 4%, próximo aos 4,2% registrados na eleição
de 2006, quando Luiz Inácio Lula da Silva venceu Geraldo Alckmin, de
acordo com a consultoria. Números do TSE, porém, mostram que o total de
votos em branco e nulos naquela disputa foi de 6%.
Para
chegar à previsão sobre o 2º turno, a consultoria calcula os fatores de
conversão para estimar como seriam distribuídos para Aécio e Dilma os
votos que no 1º turno não foram para nenhum dos dois. No Ibope, dos 17
pontos percentuais que migram para ambos, 23,5% - ou 4 pontos
percentuais - vão para Dilma e 76,5% - ou 13 pontos percentuais - para
Aécio.
"Esses
fatores de conversão são parâmetros-chave para a projeção", destaca a
Macrométrica, notando que, na sua hipótese, os 39% eleitores não
comprometidos vão cair para 4% no 2º turno, um recuo de 35 pontos
percentuais. Mantido o mesmo fator de conversão no Ibope, Dilma ficaria
com 8,2 pontos percentuais dos 35 pontos e Aécio, com 26,8.
"O
resultado é a vitória de Aécio com 49,8% dos votos, contra 46,2% para
Dilma e 4% de VNC (votantes não comprometidos). Como os VNC nunca são
considerados na apuração do resultado final, a vitória de Aécio seria
com 51,8% contra 48,2% de Dilma, ou seja, por diferença de 3,6 pontos
percentuais."
A
consultoria observa, contudo, que esse percentual de não comprometidos
no 2º turno pode ser considerado muito baixo. Em 2010, quando Dilma
derrotou José Serra, a fatia ficou em 6,7%. A Macrométrica faz mais uma
simulação, dessa vez considerando que 7% não optarão por nenhum
candidato. Mantidos os mesmos fatores de conversão, o tucano continuaria
vitorioso, mas a diferença seria de 2 pontos - 51% a 49%.
O
relatório estima ainda que, se mais de 11% dos eleitores não escolherem
nenhum dos dois no 2º turno, Dilma ganhará de Aécio. Isso pode ocorrer
"se a falta de empolgação dos eleitores com a campanha representar
repúdio à maneira como a política é feita", diz o relatório. Nesse
cenário, o total de votos em branco ou nulos será maior do que o normal.
"Outro
ponto de vulnerabilidade da projeção está nos fatores de conversão",
afirma a consultoria. Se o fator de conversão de Aécio ficar abaixo de
71,5%, Dilma ganharia mesmo se apenas 4% dos eleitores não votar em
nenhum dos dois no segundo turno. "Aconselha-se, portanto, acompanhar as
pesquisas com cuidado antes de soltar fogos para qualquer candidato." (Valor Econômico).
DO ORLANDOTAMBOSI
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