domingo, 17 de agosto de 2014

‘Marina faz política de um jeito que não é o nosso’, diz vice na chapa de Geraldo Alckmin


Márcio França diz que agora é o PSB que terá crédito por aceitá-la como candidata
JÚNIA GAMA, EDUARDO BRESCIANI E CRISTIANE JUNGBLUT - O GLOBO
Protagonista de um duro embate com Marina Silva dentro do PSB, o candidato a vice-governador de São Paulo, na coligação com o PSDB, e tesoureiro da campanha de Eduardo Campos, Márcio França afirmou que o trágico acidente inverteu a relação do partido com a candidata e a Rede Sustentabilidade. França venceu a queda de braço com Marina quando ela defendia a candidatura própria do PSB ao governo paulista, mas ele era favorável à aliança com o PSDB. Segundo França, Marina Silva precisa dizer que quer ser candidata.
— Ela (Marina Silva) era a principal puxadora de votos. Agora ele (Eduardo Campos) é o grande puxador. O que ficou dele, as falas, a entrevista ao “Jornal Nacional” serão usados como nosso mantra. Ser candidata depende mais dela. Marina precisa expressar que quer ser candidata. Ela não disse “quero ser”. Marina tem um outro jeito de fazer política, que não é o nosso. É dela e do partido dela — afirmou.
França lembrou que, na condição de vice, Marina não era responsável por decisões financeiras tomadas na campanha, pois está sendo usado apenas o CNPJ do PSB (a Rede Sustentabilidade, partido de Marina, não existe formalmente).
— É o mundo real que tem de ser colocado para que ela faça sua escolha. Seria injusto colocá-la como candidata sem que saiba. Marina não era responsável por nada na campanha. Ela não sabe nem quanto custa o aluguel do comitê — afirmou.
França lembra que Marina teria imposto aos candidatos do PSB que não usassem a imagem dela em suas campanhas sem o seu consentimento expresso, o que havia sido aceito pelo partido. Para que não ocorresse o contrário, Marina Silva apresentou ofício ao partido.
— Ela tem de nos acolher e temos de acolhê-la. Antes ela criou crédito, pois era a mais famosa. Neste instante, criou o débito. Nós é que iremos acolhê-la para ser candidata a presidente. Agora ela se torna nossa candidata para dirigir o país — afirmou.
Uma das exigências do PSB para fazer a indicação de Marina Silva como substituta de Eduardo Campos será com relação à divisão do tempo de TV meio a meio entre os dois partidos, e uma maior clareza de como será se a Rede Sustentabilidade for formada depois da eleição, caso ela consiga ser eleita.
— Se ela formatar a Rede depois, continuamos com o nosso partido. Nosso quadro precisa estar presente — disse Márcio França, tesoureiro da campanha de Eduardo Campos e vice candidato ao governo na chapa com Geraldo Alckmin, em São Paulo.
A divisão de palanques também terá de ser discutida com Marina. Em São Paulo, França havia decidido colar a campanha de Eduardo Campos à do tucano Geraldo Alckmin:
— Uma coisa é ser candidato a vice, outra é ser candidato a presidente. Os movimentos terão de ser diferentes. Ainda não sabemos se ela está disposta e a decisão tem de ser rápida. Ela ainda está muito abalada e é uma pessoa religiosa e sensível. Imagino a responsabilidade que passa na cabeça dela.
DISCURSO DE COLIGAÇÃO
França afirmou que a morte de Eduardo Campos mudou o rumo da eleição e causou uma comoção e um impacto semelhante ao da morte do piloto Ayrton Senna:
— As pessoas agora conhecem, comovem-se e se arrependem por não terem conhecido antes as posições dele. Uma das frases de Eduardo Campos é que não existe nada que não seja resolvido com diálogo.Marina tem de se encaixar nessa lógica.
De acordo com França, o partido tem simpatia pela candidatura de Marina e espera que ela tenha absorvido uma parte das ideias de Eduardo Campos.
— Todos concordam que ela tem de ser a pessoa, em função da expressão de votos e do gesto generoso dela, que aceitou sair como vice. Mas para ser a candidata da coligação ela tem de ter o discurso da coligação, não da Rede. Como candidata, Marina fazia o que bem entendia — afirmou.
DO WELBI

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