Márcio França diz que agora é o PSB que terá crédito por aceitá-la como candidata
JÚNIA GAMA, EDUARDO BRESCIANI E CRISTIANE JUNGBLUT - O GLOBO
Protagonista de um duro embate com Marina Silva dentro do PSB, o
candidato a vice-governador de São Paulo, na coligação com o PSDB, e
tesoureiro da campanha de Eduardo Campos, Márcio França afirmou que o
trágico acidente inverteu a relação do partido com a candidata e a Rede
Sustentabilidade. França venceu a queda de braço com Marina quando ela
defendia a candidatura própria do PSB ao governo paulista, mas ele era
favorável à aliança com o PSDB. Segundo França, Marina Silva precisa
dizer que quer ser candidata.
— Ela (Marina Silva) era a principal puxadora de votos. Agora ele
(Eduardo Campos) é o grande puxador. O que ficou dele, as falas, a
entrevista ao “Jornal Nacional” serão usados como nosso mantra. Ser
candidata depende mais dela. Marina precisa expressar que quer ser
candidata. Ela não disse “quero ser”. Marina tem um outro jeito de fazer
política, que não é o nosso. É dela e do partido dela — afirmou.
França lembrou que, na condição de vice, Marina não era responsável por
decisões financeiras tomadas na campanha, pois está sendo usado apenas o
CNPJ do PSB (a Rede Sustentabilidade, partido de Marina, não existe
formalmente).
— É o mundo real que tem de ser colocado para que ela faça sua escolha.
Seria injusto colocá-la como candidata sem que saiba. Marina não era
responsável por nada na campanha. Ela não sabe nem quanto custa o
aluguel do comitê — afirmou.
França lembra que Marina teria imposto aos candidatos do PSB que não
usassem a imagem dela em suas campanhas sem o seu consentimento
expresso, o que havia sido aceito pelo partido. Para que não ocorresse o
contrário, Marina Silva apresentou ofício ao partido.
— Ela tem de nos acolher e temos de acolhê-la. Antes ela criou crédito,
pois era a mais famosa. Neste instante, criou o débito. Nós é que iremos
acolhê-la para ser candidata a presidente. Agora ela se torna nossa
candidata para dirigir o país — afirmou.
Uma das exigências do PSB para fazer a indicação de Marina Silva como
substituta de Eduardo Campos será com relação à divisão do tempo de TV
meio a meio entre os dois partidos, e uma maior clareza de como será se a
Rede Sustentabilidade for formada depois da eleição, caso ela consiga
ser eleita.
— Se ela formatar a Rede depois, continuamos com o nosso partido. Nosso
quadro precisa estar presente — disse Márcio França, tesoureiro da
campanha de Eduardo Campos e vice candidato ao governo na chapa com
Geraldo Alckmin, em São Paulo.
A divisão de palanques também terá de ser discutida com Marina. Em São
Paulo, França havia decidido colar a campanha de Eduardo Campos à do
tucano Geraldo Alckmin:
— Uma coisa é ser candidato a vice, outra é ser candidato a presidente.
Os movimentos terão de ser diferentes. Ainda não sabemos se ela está
disposta e a decisão tem de ser rápida. Ela ainda está muito abalada e é
uma pessoa religiosa e sensível. Imagino a responsabilidade que passa
na cabeça dela.
DISCURSO DE COLIGAÇÃO
França afirmou que a morte de Eduardo Campos mudou o rumo da eleição e
causou uma comoção e um impacto semelhante ao da morte do piloto Ayrton
Senna:
— As pessoas agora conhecem, comovem-se e se arrependem por não terem
conhecido antes as posições dele. Uma das frases de Eduardo Campos é que
não existe nada que não seja resolvido com diálogo.Marina tem de se
encaixar nessa lógica.
De acordo com França, o partido tem simpatia pela candidatura de Marina e
espera que ela tenha absorvido uma parte das ideias de Eduardo Campos.
— Todos concordam que ela tem de ser a pessoa, em função da expressão de
votos e do gesto generoso dela, que aceitou sair como vice. Mas para
ser a candidata da coligação ela tem de ter o discurso da coligação, não
da Rede. Como candidata, Marina fazia o que bem entendia — afirmou.
DO WELBI
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