Na edição passada, VEJA
revelou uma fraude perpetrada por funcionários graduados da Presidência
da República e da Petrobras, em parceria com a liderança do PT no
Senado, para desmoralizar a CPI que investiga a empresa e engambelar a
opinião pública. Documentada em um vídeo com cerca de vinte minutos de
duração (que pode ser visto AQUI na íntegra), a trapaça funcionava da
seguinte forma: os investigados recebiam as perguntas dos senadores com
antecedência e eram treinados para responder a elas, a fim de evitar que
entrassem em contradição ou dessem pistas capazes de impulsionar a
apuração de denúncias de corrupção na companhia.
Pegos
de surpresa e sem poderem negar o conteúdo do vídeo, os governistas
trataram de interpretá-lo a seu favor. O relator da CPI da Petrobras no
Senado, José Pimentel (PT-CE), negou a existência de armação entre
investigadores e investigados. Funcionários do Planalto admitiram a
parceria com a Petrobras e os parlamentares, mas sustentaram que ela foi
feita em benefício do bom funcionamento dos trabalhos da CPI, e não
para fraudá-la. Paulo Bernardo, ministro das Comunicações, saiu-se com a
tese de que a combinação de depoimentos em CPIs “vem desde Pedro
Álvares Cabral”. Seria, portanto, um trabalho corriqueiro, normal.
Normal não é. É crime. Pode até ser prática antiga, ninguém sabe, mas
esta é a primeira vez que a malandragem vem a público em som e imagens.
Integrante
da base governista, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) afirmou que,
durante a CPI dos Correios, os investigados jamais receberam as
perguntas previamente nem foram ajudados pela equipe técnica da comissão
nas respostas. Por um simples motivo: para avançar, uma apuração
precisa surpreender seus alvos e forçá-los a revelar aquilo que querem
esconder, justamente o contrário da meta perseguida pela fraude
governista. “Uma investigação de verdade pressupõe pegar o investigado
de surpresa”, disse Serraglio. “Como falar em investigação se já se sabe
tudo o que será perguntado e respondido. Imagine um promotor ou um
delegado alertando o investigado sobre quais questionamentos serão
feitos a ele. Isso é ridículo.”
A
indignação do deputado é plenamente justificada. Ele conhece o poder
depurador que uma CPI bem conduzida pode ter na vida política
brasileira. Serraglio, que é advogado, foi relator da CPI dos Correios,
que investigou o mensalão e cujo relatório final serviu de prova para a
cassação de deputados e a prisão de petistas, como o ex-ministro José
Dirceu. Se durante a CPI dos Correios houvesse distribuição de gabarito e
acordo clandestino entre investigadores e investigados, o marqueteiro
Duda Mendonça dificilmente teria admitido que recebera no exterior, via
caixa dois, o pagamento pelos serviços prestados à campanha presidencial
de Lula em 2002. Outras confissões também seriam contidas nos
bastidores. “A CPI dos Correios fez com que o pessoal se blindasse.
Desde então, houve um desvirtuamento das CPIs.
Não
adianta nada a Constituição garantir à minoria o direito de investigar
se a maioria se acha no direito de fechar as portas para a
investigação”, declarou Serraglio. Escaldado pelos resultados da CPI dos
Correios, o ex-presidente Lula sempre ordenou ao PT que tratorasse as
comissões parlamentares seguintes. Foi assim com a CPI do Cachoeira e
com a CPI da Petrobras de 2009. Em abril deste ano, Lula mandou o PT “ir
para cima” da nova CPI da Petrobras. Missão dada, missão cumprida. Leia MAIS
DO ALUÍZIOAMORIM
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