Carlos Newton
Tribuna da Internet
As
primeiras entidades do chamado Sistema S foram criadas pelo governo
Eurico Dutra em 1946, como instituições complementares ao esforço para
melhorar a qualidade da educação e elevar a escolaridade e a
profissionalização dos trabalhadores brasileiros, especialmente na
indústria e no comércio.
Quase
80 anos depois, pela primeira vez surgem escândalos de mordomias,
nepotismos e favorecimentos atingindo o SESI (Serviço Social da
Indústria), em denúncia publicada no final de semana pela revista
“Época”, envolvendo o ex-presidente Lula e integrantes da alta cúpula do
PT, como o ex-tesoureiro Delúbio Soares e os ex-deputados Jair
Meneguelli e João Paulo Cunha.
Agora,
é preciso investigar os demais órgãos do chamado Sistema S, pois tudo
indica que também estejam enfrentando o mesmo problema de aparelhamento
político/pessoal/familiar. Mas certamente não se chegará ao
impressionante estágio de putrefação que se registra no SESI. E o motivo
é simples: há diferenças nos decretos que criaram as entidades do
Sistema S, fazendo com que a exploração por predadores políticos seja
bem mais facilitada no SESI e no SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas), porque seus principais dirigentes são
nomeados diretamente pelo presidente da República.
Duas fantasmas: Marlene, nora de Lula, e Márcia, mulher de João Paulo Cunha
Nomeado
pelo então presidente Lula, Jair Meneguelli abandonou a carreira
política e se sentiu à vontade para fazer um verdadeiro festival de
favorecimentos no SESI, chegando ao ponto de criar uma sucursal do SESI
em São Bernardo do Campo, com a única e exclusiva finalidade de
facilitar a vida de duas funcionárias fantasmas (uma das noras de Lula e
a mulher de João Paulo Cunha), num ato administrativo de extrema
audácia e total despudor.
A
nora de Lula, que alegou ter ganhado a sinecura no SESI por ser
“formada em Eventos”, e a mulher do ex-deputado mensaleiro João Paulo
Cunha, que se diz especialista em “Marketing”, são exemplo de uma
realidade revoltante, que mostra até onde o PT pode descer na vala da
corrupção.
É
preciso ficar claro também que em outros serviços sociais (como o SESC,
do Comércio, e o SEST, do Transporte), o nepotismo e o favorecimento
ficam respectivamente por conta da apropriação indébita da Confederação
Nacional do Comércio pelo empresário Antonio Oliveira Santos, que há
mais de 30 anos está à frente da entidade e nomeia os dirigentes do
SESC, e por conta da ditadura imposta na Confederação Nacional do
Transporte por seu eterno presidente, o empresário Clésio Andrade, que
chegou a ser senador da República e renunciou recentemente ao mandato,
para não ser julgado por corrupção pelo Supremo. Com a renúncia, o
processo vai baixar para a Justiça Federal em Minas e o presidente da
CNT acabará beneficiado pela prescrição dos crimes.
Por
fim, que fique claro: mesmo nos serviços sociais em que o presidente da
República não nomeia dirigentes, sempre há um jeito de ajudar os
amigos, através das múltiplas vagas no Conselho de Administração que
ficam reservadas para os Ministérios.
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