Pois é,
pois é… Uma decisão, ainda provisória, da Justiça de São Paulo tornou
sem efeito a suspensão aplicada pelo PT ao deputado estadual Luiz Moura —
o que o impediu de se concorrer à reeleição — e ainda anulou a
convenção estadual do partido, que aconteceu em maio. A direção do PT
vai recorrer. Caso se confirme o conteúdo da liminar, Alexandre Padilha
não poderá se candidatar ao governo de São Paulo. Também as candidaturas
do partido à Assembleia Legislativa e à Câmara Federal estarão
anuladas. Como o prazo legal já se esgotou, o PT ficaria fora da eleição
no Estado. Já aconteceu antes? Já! Em 1992, uma decisão do TSE anulou a
convenção do PFL em São Paulo.
Só para
lembrar: Luiz Moura é aquele deputado estadual que foi flagrado pela
Polícia numa reunião a que compareceram membros do PCC. O objetivo seria
planejar novos ataques a ônibus. O partido evitou expulsá-lo, mas
decidiu não lhe dar legenda para se candidatar porque considerou que
isso prejudicaria a campanha petista. O deputado estadual é um aliado
político de Jilmar Tatto, secretário dos Transportes de Fernando Haddad,
e o próprio Padilha já compareceu à sua festança de aniversário, onde
discursou.
Moura
recorreu apenas contra a suspensão — também anulada pela liminar —, mas o
juiz Fernando Camargo, do Tribunal de Justiça de São Paulo, avaliou que
a própria lisura da convenção estava comprometida e a tornou sem
efeito. O magistrado concordou com o argumento do parlamentar petista,
que diz não ter tido direito de defesa, o que a direção do partido nega.
Não tenho
nenhuma disposição de defender um grupamento que me coloca numa lista
negra e que excita a fúria da turba contra mim, mas a decisão me parece
exagerada. Não tenho, em suma, simpatia por quem se candidata a meu
algoz, mas tenho compromisso com o que penso. Parece-me que o
comportamento de Moura dá motivos para que o PT o suspenda das
atividades partidárias, ainda que ele fosse um queridinho da turma até
anteontem. Até onde sei, o homem foi ouvido, sim, pelo comando. Ocorre
que suas explicações não pareceram, porque não eram, convincentes.
Não
conheço o conteúdo da liminar — eu a procurei e não a encontrei. Não sei
os motivos da anulação decidida pelo juiz Fernando Camargo. Parece-me,
em princípio, que a matéria deveria passar pelo exame da Justiça
Eleitoral, a menos que um crime grave de outra ordem tenha sido
cometido, tornando ilegítimo processo.
Comenta-se,
nos bastidores, que Lula e a turma de Padilha decidiram mudar o
discurso do candidato, que não emplaca: em vez daquela coisa, assim,
“coxinha e progressista”, ele assumiria uma inflexão claramente de
esquerda, colando-se aos sindicatos e aos movimentos sociais. É um sinal
de que as coisas não andam bem por lá. Agora, há uma nova frente de
batalha para tentar viabilizar o nome de Padilha: a da Justiça.
Definitivamente, é um candidatura que não estreou com o pé direito — e,
por enquanto, nem com o esquerdo.
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