Pesquisa realizada pelo instituto Sensus e divulgada na madrugada deste sábado no site da revista IstoÉ sinaliza
que a disputa presidencial de 2014 deve ser decidida no segundo turno.
Dilma Rousseff amealhou 35% das intenções de voto. Aécio Neves, 23,7%. E
Eduardo Campos, 11%.
Somando-se os percentuais atribuídos a Aécio
e Campos, chega-se a 34,7%, apenas 0,3% abaixo dos 35% de Dilma. Numa
pesquisa em que a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, essa
diferença é estatiscamente negligenciável. Significa dizer que, se a
eleição fosse hoje, a disputa escorregaria para o segundo turno.
Num
cenário em que foram incluídos oito candidatos, inclusive os nanicos,
Dilma obteve 34%. Aécio ficou com 19,9%. Campos cravou 8,3%. Somando-se
Aécio e Campos aos outros seis nomes mencionados pelos pesquisadores, os
antagonistas da presidente chegam a 32,4%. Uma diferença de 1,6%.
Portanto, considerando-se a margem de erro, permanece a indicação de
segundo turno.
Os dados vieram à luz poucas horas depois de o PT ter aclamado
Dilma como sua pré-candidata num encontro nacional realizado em São
Paulo. “Precisamos parar de imaginar que existe outro candidato que não
seja a Dilma nesse partido”, discursou Lula, para uma plateia de 800
delegados estaduais do PT. “Quando a gente brinca com isso, nossos
adversários tiram proveito.”
A nova sondagem eleitoral conspira
contra o esforço de Lula para silenciar o coro entoado pelos petistas e
aliados que pedem o seu retorno. O diretor do Sensus, Ricardo Guedes
Ferreira Pinto, afirma que a leitura completa da pesquisa indica que
Dilma “terá muita dificuldade para reverter o quadro atual.”
Perscrutaram-se
também os cenários de um eventual segundo turno. Se tivesse que medir
forças com o rival tucano, Dilma teria, hoje, 38,6% das intenções de
voto, contra 31,9% de Aécio. A diferença entre os dois jamais foi tão
estreita: 6,7 pontos. Numa disputa com Eduardo Campos, Dilma teria
vantagem menos desconfortável: 39,1% a 24,8%.
“O que se percebe é
que, no último mês, passou a ocorrer uma migração de votos da presidenta
para candidatos da oposição. Antes, as pequenas quedas de Dilma
aumentavam o índice de indecisos”, afirma Ricardo Guedes. A pesquisa
traz outro dado preocupante para Dilma: a taxa de rejeição dele é maior
do que a de seus principais antagonistas.
Hoje, 42% dos eleitores
declaram que não votariam em Dilma de jeito nenhum. O índice de rejeição
de Campos é de 35,1%. O de Aécio, 31,1%. Ouça-se o diretor do Sensus:
“Como a presidenta é a mais conhecida dos eleitores, não é surpresa que
tenha também um índice maior de rejeição, mas 42% é muita coisa.”
Ele
acrescenta: “Não me recordo de nenhum caso de alguém que tenha
conseguido se eleger chegando ao segundo turno com mais de 40% de
rejeição. E o quadro atual não é favorável para a presidenta reverter
esses números.”
O Sensus ouviu 2 mil eleitores entre os dias 22 e
25 de abril. A pesquisa foi reaizada em 136 municípios de 24 Estados. A
exemplo que já foi apontado por outros institutos, constatou-se que a
inflação intoxica o humor do eleitorado. A grossa maioria dos
entrevistados (65,9%) disse que, hoje, tem um poder de compra menor do
que há um ano. Quer dizer: ao anunciar a correção da tabela do Imposto
de Renda e elevar o valor do Bolsa Família, Dilma corre atrás do
prejuízo.
Perguntou-se sobre o desempenho de Dilma na Presidência.
Verificou-se que o percentual dos que a desaprovam (49,1%) é maior do
que a taxa dos que aprovam a atuação dela (40,2%). Quanto à avaliação do
governo, apenas 29,6% disseram enxergar a administração federal de
maneira positiva. Para 34,2%, o governo é apenas regular. Outros 31,9%
vêem a atual gestão de forma negativa. Somando-se o índice regular com o
negativo, percebe-se que 66,1% do eleitorado faz restrições ao governo
Dilma. Isso a apenas seis meses da eleição.
DOJDESOUZA
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