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Considerem-se, de saída, as seis máximas que passaram a reger a atuação de Dilma Rousseff e do seu governo:
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Só
em 2015 será possível decidir se os preços represados dos combustíveis,
da energia elétrica e das tarifas de ônibus subirão gradualmente ou de
uma única tacada, içando a inflação de 2015 à casa dos 7%.
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Só
depois das eleições vai-se poder conversar a sério sobre o esforço
fiscal extraordinário que o governo terá de fazer para, em combinação
com a política monetária, domar uma inflação que deve estourar o teto da
meta, de 6,5%, entre julho e novembro de 2014.
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Só
quando as urnas informarem o nome do próximo presidente o país poderá
saber o que Brasília pretende fazer para superar o vexame de um
crescimento econômico estimado para 2014 em algo entre o ridículo (1,5%)
e o constrangedor (2%). Antes disso, não há clima para reconhecer que a
tática escorada no consumo, por esgotada, precisa ser substituída por
um modelo que combine mais investimentos com elevação dos índices de
produtividade.
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Só
depois de fechar as contas de 2014 será possível saber que mágicas o
governo pretende encenar para evitar mudanças na Previdência e na
fórmula de reajuste do salário mínimo, que expira no ano que vem. Há
eloquentes indícios de que será inevitável fixar uma idade mínima para a
aposentadoria, reduzir os gastos com as pensões por morte e redesenhar
as regras do seguro-desemprego. Há sólidas suspeitas de que a correção
do mínimo pela variação da inflação mais o PIB de dos dois anos
anteriores terá de ser trocada por uma fórmula baseada no PIB per capita
ou no salário médio. Mas não convém apertar o nariz do eleitor antes da
hora.
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Só
depois de mastigar o peru da ceia natalina e de assistir à queima de
fogos do Ano Novo, o brasileiro estará preparado para receber a notícia
de que foi à breca a tática de selecionar as empresas “campeãs
nacionais” dignas de receber os financiamentos companheiros que levaram o
BNDES a pendurar no Tesouro um espeto de R$ 400 bilhões. Até lá, convém
desconversar sobre a transparência de cristal Cica que fulminou a
credibilidade da escrituração das contas públicas.
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Só
se o Planalto mantiver uma Esplanada amazônica de 39 ministérios e
tolerar alguma incidência de gatunagem em pastas como a do Trabalho e em
estatais como a Petrobras o governo conseguirá manter a estabilidade de
sua base de apoio congressual, preservando a governabilidade.
As
máximas esmiuçadas acima possuem dois elementos em comum. Primeiro: são
tão amplamente difundidas que parecem verdadeiras. Segundo: são falsas.
As seis máximas estão subordinadas a uma máxima-mãe, definidora do ponto
a que o Brasil chegou neste ocaso do primeiro reinado da supergerente.
Essa máxima maior, que engloba todas as outras, é a máxima do
‘deixa-como-está-para-não-estragar-a-reeleição-e-depois-a-gente-vê-como-é-que-fica”.
Dilma
Rousseff talvez não tenha se dado conta. Mas sua popularidade cai na
proporção direta do crescimento da percepção coletiva de que seu governo
empurra para 2015 problemas que deveriam ser enfrentados imediatamente.
Não é preciso ser um gênio para notar que a protelação produz anomalias
como o estímulo ao consumo de energia num período de inédita escassez
de água.
Qualquer dona de casa obrigada a percorrer as gôndola de
supermercado ou as barraquinhas de feira percebe que a celebração mensal
de taxas de inflação que teimam em permanecer nos arredores de 6% é o
caminho mais longo entre o centro da meta (4,5%) e sua realização.
Uma
criança de cinco anos é capaz de notar que fenômenos como a permanência
do PDT num Ministério do Trabalho crivado de desvios tem a ver com o
tempo de propaganda televisiva da candidata à reeleição, não com o apoio
a inexistentes iniciativas do governo no Congresso.
Um bebê de
colo percebe que a manutenção de apadrinhados de legendas como o PT e o
PMDB na Petrobras é algo cuja subsistência se tornou absurda depois que
um ex-diretor foi preso e a sede da estatal foi varejada por agentes
federais munidos de mandado judicial.
Um feto consegue farejar o
estelionato eleitoral que vem embutido na tática de governar com a
barriga, jogando as coisas para baixo de um imenso tapete metafórico, na
base do “só quando”, do “só depois”… Ou a candidata exerce na sua
plenitude o que lhe resta de Presidência ou se arrisca a receber no dia
da eleição a visita da autocrítica. Que lhe dirá: “Olá, minha querida
gerenta. Vim apresentar você a você mesma.”
DO JOSIAS DE SOUZA
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