A presidente Dilma Rousseff (PT) foi vaiada nesta quinta-feira (20) em
Belém ao subir no púlpito para fazer um discurso sobre investimentos
federais em projetos de mobilidade urbana na capital paraense.
Devido ao protesto, Dilma abriu o discurso dizendo que "respeitava o
direito de opinião dos brasileiros" e ressaltou que "o país vive na
democracia". O governador do Pará, Simão Jatene, e o prefeito de Belém,
Zenaldo Coutinho, ambos do PSDB, também receberam vaias.
Um grupo composto por cerca de 45 manifestantes protestou porque não foi
incluído no programa federal de habitação Minha Casa, Minha Vida. No
auditório, havia cerca de 550 pessoas. De acordo com um dos
manifestantes, Floriano Vieira, 36, os moradores do bairro de Jurunas
tiveram suas casas desapropriadas para ampliação de uma pista em 2008.
A promessa, segundo ele, é que seriam incluídos agora no programa de
habitação, o que Vieira afirma não ter ocorrido. "Eles nos pagam R$ 450
como forma de compensar o problema, mas é muito pouco. Só meu aluguel
hoje é R$ 600", diz Vieira.
Outro manifestante, Andrei Guilherme, 37, relatou que, durante o
protesto, seguranças da Presidência ameaçaram expulsá-los do auditório
caso não silenciassem as vaias. "No fim do evento conseguimos entregar
um documento para a presidente contendo nossas reivindicações, mas
duvido que ela vá ler", disse. Os seguranças da Presidência negaram à
reportagem que tenham ameaçado expulsar os manifestantes.
GAFE
Durante sua fala, como tem sido usual nos eventos presidenciais, Dilma
destacou a importância dos programas sociais do seu governo, como
Pronatec, Minha Casa, Minha Vida e Mais Médicos.
Durante o discurso, porém, a presidente cometeu uma gafe ao trocar o
nome do Estado do Pará pelo Ceará. Ao perceber o incômodo da plateia, se
desculpou prontamente. "Quis dizer Pará... Desculpa gente. É porque
ontem vim do Ceará", disse, em referência a viagem a Fortaleza e Sobral realizada ontem.
Adversário político de Dilma, o tucano Simão Jatene fez afagos à
presidente, a quem elogiou "pelo espírito republicano" de investir
recursos federais mesmo em Estados que não são da base aliada. Outro
rival, o prefeito Zenaldo Coutinho elogiou o incentivo da União aos
projetos de mobilidade urbana.
MARABÁ
Em Marabá (PA), onde Dilma foi entregar máquinas a prefeitos e lançar a
licitação de uma obra, as vaias se concentraram em Jatene (PSDB), e
chegaram a interromper seu discurso. Ele comentou: "Eu acho isso
fantástico na democracia".
A presidente, porém, saiu em sua defesa. "Brigar a gente tem que brigar,
pela democracia, contra a desigualdade, mas eu quero dizer para vocês,
também temos que lutar para que todas as pessoas tenham o direito de
falar, tenham o direito de externar sua opinião".
Jatene teve sua popularidade desgastada no sudeste do Pará desde a época
do plebiscito para a divisão do Estado, no fim de 2011, quando ele se
posicionou contra os novos Estados, provocando insatisfação na população
do sudeste, onde seria criado o Estado de Carajás.
DA FOLHA-SP
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