Folha Poder
CORONELEAKS
Segundo Cunha, a negociação é para evitar que o relatório seja rejeitado e a CPI termine sem conclusão. "Se eu tirar o instrumento de diálogo, o risco é rejeitar." Apenas o relator tem poderes para alterar o texto. Um dos pontos polêmicos que deve ser retirado do texto, na opinião do próprio relator, é o pedido de indiciamento do jornalista Policarpo Junior, da revista "Veja", que tinha o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, como fonte. "Fomos pegos de surpresa", afirmou o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que disse ser contrário ao indiciamento do jornalista.
Os críticos do relatório dizem que as investigações não avançaram na CPI para justificar alguns pedidos de indiciamento e defendem mais prazo para a investigação. A comissão deixou de investigar 116 empresas e não identificou os beneficiários do dinheiro arrecadado pelo esquema. "Não podemos pegar esse cadáver e enterrá-lo. É um trabalho que não chegou a lugar nenhum", afirmou o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
Os tucanos não gostaram do pedido de indiciamento do governador Marconi Perillo (PSDB-GO), acusado no relatório de receber dinheiro do esquema supostamente operado por Cachoeira. "Esta CPI está se tornando uma balela. É um instrumento de perseguição", complementou o senador Pedro Taques (PDT-MT).
O deputado Protógenes (PSOL-SP) afirmou que a CPI se recusou a investigar empresas laranjas que receberam dinheiro do esquema por meio da empreiteira Delta, o que seria um avanço nas investigações da Polícia Federal. "Criminoso é quem ficou de fora. Sequer foi aprofundada a investigação do financiamento de campanhas políticas com dinheiro da corrupção." "O que se fez foi proteger, esconder. O deputado Odair está cumprindo uma missão que lhe foi dada. A missão de esconder relações terríveis", disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Parlamentares do PT saíram em defesa do relator, o que provocou uma "saia justa". Ao defender o relatório, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), deixou a impressão nos colegas de que conhecia o teor do relatório com antecedência. "Parece que foi vossa excelência quem escreveu o relatório", disse o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG). "Eu vi na imprensa", respondeu Teixeira. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), deixou a sala dando lugar para que o vice-presidente Paulo Teixeira conduzisse a reunião.
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