O
deputado Odair Cunha (PT-MG), o relator que entregou a radicais do PT a
tarefa de redigir o relatório da CPI do Cachoeira, nem leu ainda seu
texto, e outro escândalo já mesmeriza o noticiário. E por boas razões. A
disposição do governismo de investigar as falcatruas é a mesma
demonstrada pelo relator: nenhuma. Em seu texto escandaloso, como é
sabido, Cunha se encarregou de proteger o amigos e alvejar os “inimigos”
– imprensa e procurador-geral da República. Nesta terça, ele admitiu
que pode fazer algumas mudanças… Sei, sei…
Deixo
claro que mesmo o pedido de indiciamento de Fernando Cavendish é só o
vício fingindo que homenageia a virtude. A comissão, na prática, se
negou a investigar as relações da empresa com o governo federal e com o
governo “na-boquinha-da-garrafa” do Rio. Leiam o que informa Tai Nalon na VEJA.com:
O relator
da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), afirmou nesta
terça-feira que poderá fazer mudanças no relatório preliminar antes
mesmo de tentar novamente ler o documento nesta quarta em reunião da comissão. Ele reuniu-se agora à noite com
deputados da ala governista para discutir pontos controversos do texto –
entre eles o pedido de investigação pelo Conselho Nacional do
Ministério Público do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, cuja retirada do texto está, segundo Odair, sendo negociada.
Questão de
dissenso mesmo entre aliados, a justificativa oficial para a inserção
do nome de Gurgel no texto é que o procurador não deu continuidade às
investigações da Operação Vegas, da Polícia Federal. “Eu reafirmei [na
reunião] as razões que me levaram a incluir
este tema no relatório, por convicção sobre uma dúvida existente na
conduta do procurador-geral. Mas isso não é uma questão central no
debate do relatório”, disse Odair.
As questões centrais, segundo ele, seriam a organização criminosa capitaneada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, o seu modus operandi e
o seu sistema de financiamento. A retirada de nomes como o de Fernando
Cavendish, ex-presidente da Delta Construções, e o de Marconi Perillo,
governador de Goiás pelo PSDB, portanto, na avaliação dele, é
inegociável. “Temas não centrais do nosso relatório podem sim ser
negociados”, disse. “Eu quero usar o prazo que eu tenho [para negociar
mudanças] até antes da leitura amanhã.”
As
negociações, para Odair, no entanto, não devem incluir o pleito de
parlamentares, que pedem sobretudo a inclusão do nome do governador do
Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), que teve as investigações sobre
sua relação com Cavendish barradas. Odair disse que, ao menos até agora,
não houve qualquer sugestão de inclusão no texto que pudesse ser
acatada. “A questão do governador é uma conduta que não foi investigada
pela CPMI. Exatamente por isso não deve ser analisada sob ponto de vista
de indiciamento”, afirmou.
Odair
admitiu também que pode retirar do relatório o pedido de indiciamento de
jornalistas, entre eles o do diretor da sucursal de Brasília de VEJA,
Policarpo Júnior. Nota de esclarecimento de VEJA,
publicada na última quinta-feira, mostra que o relatório, redigido sob
pressão da ala radical do PT, suprimiu provas de que os contatos entre
Policarpo e Cachoeira jamais extrapolaram os limites do trabalho de um
repórter em busca de informações. Segundo Odair, o tema não é questão
central no relatório.
A CPI do
Cachoeira se reúne nesta quarta-feira para nova tentativa de leitura do
relatório. Na semana passada, entre bate-bocas e questões de ordem, o
relator pediu o adiamento da apreciação para negociar com parlamentares o
conteúdo do documento.
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