O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no Supremo
Tribunal Federal, autorizou a abertura de um inquérito para investigar
repasses feitos pelo esquema para pessoas ligadas ao ministro do
Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e a outros políticos petistas.O novo
inquérito, a ser instaurado na Justiça Federal em Belo Horizonte,
também vai investigar repasses a pessoas que trabalharam com os
deputados Benedita da Silva (PT-RJ) e Vicentinho (PT-SP), além de
dezenas de outras pessoas e empresas que receberam dinheiro do esquema.
Essas pessoas não são parte do processo que está em julgamento no
Supremo desde o início de agosto, porque os repasses só foram
descobertos pela Polícia Federal quando a ação principal já estava em
andamento no STF.A nova fase do caso foi inaugurada há pouco mais de um mês, após pedido
da Procuradoria-Geral da República para que fossem aprofundadas as
investigações sobre o destino do dinheiro distribuído pelo PT com a
colaboração do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
O requerimento cita nominalmente Pimentel, um dos principais auxiliares
da presidente Dilma Rousseff, Benedita e Vicentinho, dizendo que, como
eles têm foro privilegiado, a investigação deverá voltar ao Supremo
"caso surjam indícios concretos de que os valores arrecadados"
destinavam-se aos três. A PF só conseguiu concluir o trabalho de rastreamento de dinheiro
distribuído por Marcos Valério em 2011, cinco anos após a Procuradoria
apresentar a denúncia que deu origem ao processo que está em julgamento
no STF.
Seguindo o caminho do dinheiro distribuído pelo empresário, a polícia
chegou a Rodrigo Barroso Fernandes, em Belo Horizonte. Na época do
repasse, em 2004, ele era coordenador financeiro do comitê da campanha
de Fernando Pimentel à Prefeitura de Belo Horizonte, diz a PF.O
inquérito, conduzido pelo delegado federal Luís Flávio Zampronha,
apontou que Fernandes recebeu R$ 247 mil da agência SMPB, de Marcos
Valério, em agosto de 2004.Em depoimento, ele afirmou que só daria
declarações em juízo, segundo a
polícia. Num relatório sobre a investigação, Zampronha escreveu que
Fernandes agiu assim para "encobrir o verdadeiro beneficiário" do
dinheiro.
As investigações também apontaram repasses para Carlos Roberto de Macedo
Chaves, que teria feito dois saques no valor de R$ 50 mil em agosto e
setembro de 2003. Ele disse à PF que trabalhou como contador da campanha
de Benedita em 2002.De acordo com a polícia, a origem desse dinheiro foi o fundo Visanet,
controlado pelo Banco do Brasil e por outras instituições financeiras. O
fundo é apontado pela PF e pela Procuradoria-Geral da República como a
principal fonte dos recursos que alimentaram o mensalão, e a maioria dos
ministros do STF já concordou com essa tese.
Em relação a Vicentinho, a PF descobriu que o produtor audiovisual Nélio
José Batista Costa recebeu R$ 17 mil da empresa Estratégia Marketing,
de Valério, em agosto de 2004, "devido aos serviços prestados durante a
campanha eleitoral do candidato Vicentinho para a Prefeitura de São
Bernardo do Campo".O pedido de abertura do novo inquérito foi feito em fevereiro e acolhido
pelo ministro Barbosa em 24 de agosto. A Justiça Federal de Minas já
recebeu ofício do STF, mas pediu à corte novas informações para definir
qual vara criminal cuidará do caso.(Folha de São Paulo)
DO CELEAKS
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