O ministro Ricardo Lewandowski tenha compostura!
Um dia
depois de proferir o seu voto — no post abaixo, demonstro o divórcio
entre o seu discurso e o fato —, já está concedendo entrevistas,
afirmando que um juiz não pode ceder a pressões, que julga de acordo com
a sua consciência etc e tal.
Entendi.
Quer dizer que seu voto inocentando João Paulo é fruto de sua
independência. Os que votarem pela condenação seriam, então, menos
independentes? Ele, porque absolve, seria imune às pressões; outros que
venham a condenar seriam sensíveis a ela? De que pressão estamos
falando? A da tal “opinião pública”? A de um partido? A de um
ex-presidente da República? Ora, ministro…
O correto,
o decente e o pudoroso é o silêncio. O processo ainda está em curso.
Temos, vejam que fantástico!, mais um ministro deitando falação sobre o
que está sendo julgado.
Lewandowski
fez ainda outra afirmação um tanto espantosa. Terá aprendido com algum
catedrático da Faculdade de Direito de São Bernardo? Não sei. Leiam que
primor:
“Cada juiz tem uma visão muito particular do conjunto de provas que existe no processo. Então, esse contraponto entre relator e revisor ajudará os demais ministros a decidirem o que se contém nos autos”.
“Cada juiz tem uma visão muito particular do conjunto de provas que existe no processo. Então, esse contraponto entre relator e revisor ajudará os demais ministros a decidirem o que se contém nos autos”.
Entendi!
Um eventual revisor que concordasse com o conteúdo do voto de Joaquim
Barbosa deixaria os demais ministros no mais absoluto escuro. O tal
“contraponto” se transformou num maneirismo judicial. Um julgamento é
como um auditório de televisão, em que os jurados dizem que vai para o
trono.
Depois de
ter ameaçado renunciar à revisão e faltar à sessão de segunda se não lhe
fosse assegurada a tréplica (contra o Regimento, diga-se), posa de
conciliador:
“Nós que vivemos em um ambiente colegiado, nós estamos acostumados a divergir, a ver nossas posições vencedoras ou perdedoras. Isso faz parte. Nós não levamos nada pessoalmente, defendemos teses. Não é a nossa pessoa que está em jogo, o que está em jogo é o destino dos réus”.
“Nós que vivemos em um ambiente colegiado, nós estamos acostumados a divergir, a ver nossas posições vencedoras ou perdedoras. Isso faz parte. Nós não levamos nada pessoalmente, defendemos teses. Não é a nossa pessoa que está em jogo, o que está em jogo é o destino dos réus”.
É verdade!
Mas sou obrigado a lembrar que está em jogo algo mais do que o destino
dos réus. Também está em jogo o destino das vítimas: o conjunto dos
brasileiros.
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