Não deixem
de ler a excelente edição de VEJA desta semana, que traz na capa o
julgamento do mensalão. Abaixo, segue trecho de uma das reportagens, de
Otávio Cabral, sobre o futuro de Dirceu, a depender do que decidirem os
ministros do Supremo: tomar o controle do PT e até se eleger governador
do Distrito Federal, virar mártir ou ficar ainda mais rico.
(…)
A partir das 2 da tarde desta quinta-feira, o ex-ministro da Casa Civil de Lula mais 37 acusados de participar do mensalão, o esquema de desvio de dinheiro público para lavar sobras de caixa de campanha e, de quebra, comprar apoio no Congresso, começarão a ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Dirceu é o personagem central do processo. Ao seu destino, estão amarrados a sorte dos demais mensaleiros, o futuro do PT e a imagem com que o governo Lula entrará para a história. O veredicto sobre o homem apontado pelo Ministério Público como o “chefe da quadrilha” do mensalão fechará uma triste página da história do Brasil.
A partir das 2 da tarde desta quinta-feira, o ex-ministro da Casa Civil de Lula mais 37 acusados de participar do mensalão, o esquema de desvio de dinheiro público para lavar sobras de caixa de campanha e, de quebra, comprar apoio no Congresso, começarão a ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Dirceu é o personagem central do processo. Ao seu destino, estão amarrados a sorte dos demais mensaleiros, o futuro do PT e a imagem com que o governo Lula entrará para a história. O veredicto sobre o homem apontado pelo Ministério Público como o “chefe da quadrilha” do mensalão fechará uma triste página da história do Brasil.
Dirceu
traçou três possíveis cenários alternativos para o futuro. Absolvido,
vai entrar no Congresso com um pedido de anistia para retomar a vida
política. Quer recuperar o comando do PT e voltar a disputar eleições.
Não lhe agrada a possibilidade de se candidatar a deputado, mas ele sabe
que sua enorme rejeição o impediria de vencer eleições majoritárias em
São Paulo, onde construiu sua carreira política — mas onde, por medo de
vaias, só vai a restaurantes “vazios e decadentes”. Tem muito de
autocomiseração nisso. Dirceu é sempre visto em restaurantes paulistanos
cinco-estrelas. Por exemplo, em um tradicionalíssimo português dos
Jardins. Recentemente, ouviu de Lula a sugestão de transferir seu
domicílio eleitoral para o Distrito Federal e disputar por lá o cargo de
governador ou senador. Gostou muito. Governador do Distrito Federal dá
mais relevância do que deputado federal por São Paulo.
O plano B
leva em conta o que é, para ele, o pior cenário: a condenação com pena
alta — e cadeia. Nesse caso, Dirceu já definiu o seu projeto: vai virar
mártir. Desmontará sua consultoria e voltará para os braços do PT mais
radical. Cogita até mesmo denunciar o estado brasileiro a cortes
internacionais de direitos humanos. O pavor da prisão fez com que, há
dois meses, ele chegasse a pensar em fugir do Brasil. “Para quem já
viveu o que eu vivi, sair daqui clandestino de novo não custa nada”,
disse, em um jantar na casa do advogado Ernesto Tzirulnik, em São Paulo,
na presença de uma dezena de convidados, entre eles o ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo.
A
alternativa que seus auxiliares consideram mais provável, porém, é a
condenação a uma pena branda ou que já prescreveu, o que o livraria de
ir para um presídio. Nesse caso, entraria em cena o plano C, que
consiste em “ganhar muito dinheiro”. “O Zé vai compensar nos negócios a
frustração pelo fim da carreira política”, diz um interlocutor.
(…)
De tudo o que se diz sobre José Dirceu, nada é tão incontestável quanto um traço de seu caráter. Dirceu tem nervos de aço. A decantada frieza do “chefe da quadrilha” é real. Dirceu se fortalece e foca melhor a mente em momentos de crise. Um hesitante não conseguiria suportar a desconfiança dos próprios camaradas exilados em Havana — para onde foram, com escala no México, depois de ser soltos da prisão em troca da vida do sequestrado embaixador americano Charles Elbrick. Na volta ao Brasil, 25 dos 28 integrantes ex-exilados do grupo do Movimento de Libertação Popular (Molipo), organização terrorista a que Dirceu pertencia, foram mortos ou presos. Dirceu escapou. Sua sorte levantou mais suspeitas. Dessa vez, muita gente de esquerda jurava que Dirceu era mesmo agente da ditadura brasileira. Nada disso foi provado. Mas o sangue frio lhe permitiu viver por quatro anos na pele do fictício investidor em gado Carlos Henrique Gouveia, personagem que encarnou, no interior do Paraná, até 1979.
(…)
De tudo o que se diz sobre José Dirceu, nada é tão incontestável quanto um traço de seu caráter. Dirceu tem nervos de aço. A decantada frieza do “chefe da quadrilha” é real. Dirceu se fortalece e foca melhor a mente em momentos de crise. Um hesitante não conseguiria suportar a desconfiança dos próprios camaradas exilados em Havana — para onde foram, com escala no México, depois de ser soltos da prisão em troca da vida do sequestrado embaixador americano Charles Elbrick. Na volta ao Brasil, 25 dos 28 integrantes ex-exilados do grupo do Movimento de Libertação Popular (Molipo), organização terrorista a que Dirceu pertencia, foram mortos ou presos. Dirceu escapou. Sua sorte levantou mais suspeitas. Dessa vez, muita gente de esquerda jurava que Dirceu era mesmo agente da ditadura brasileira. Nada disso foi provado. Mas o sangue frio lhe permitiu viver por quatro anos na pele do fictício investidor em gado Carlos Henrique Gouveia, personagem que encarnou, no interior do Paraná, até 1979.
(…)
Hoje, José Dirceu de Oliveira e Silva é um homem rico. E frustrado. Sabe que, condenado ou absolvido no julgamento do mensalão, está fadado a enterrar o seu grande sonho, o de um dia presidir o Brasil.
(…)
VolteiHoje, José Dirceu de Oliveira e Silva é um homem rico. E frustrado. Sabe que, condenado ou absolvido no julgamento do mensalão, está fadado a enterrar o seu grande sonho, o de um dia presidir o Brasil.
(…)
Leiam a íntegra na edição da revista. É isso aí. Hoje, José Dirceu é um homem rico… Parece piada! Nem teve tempo de enriquecer nos menos de dois anos em que ficou no governo. Conseguiu essa façanha fora dele, já cassado e réu do mensalão. É “consultor”. Consultor de quê? Ora, de empresas que têm, digamos assim, interesses no estado brasileiro e no governo. Um portento! Enquanto amargava a punição, enriquecia! Um gênio do capitalismo!
POR REINALDO AZEVEDO-REV VEJA
Nenhum comentário:
Postar um comentário