Cavendish valeu-se dessas vigarices para alugar, por exemplo, os serviços de “consultoria” do mensaleiro José Dirceu, escalado para aumentar a fatia reservada à Delta entre os fornecedores da Petrobras.Por Augusto Nunes - Veja Online
Neste sábado, os leitores de VEJA
serão confrontados com informações que renovam o prazo de validade da
lição de Tancredo Neves: a esperteza, quando é muita, fica grande e come
o dono. Provas documentais obtidas pela revista atestam que os
arquitetos da CPI do Cachoeira, concebida para embaralhar o julgamento
do mensalão, montaram uma lista de alvos prioritários que incluiu
ministro Gilmar Mendes, o procurador-geral Roberto Gurgel e jornalistas
independentes. Ruins de mira, os artilheiros trapalhões acabaram acertando o próprio pé ou a testa de bandidos de estimação.
Depois
da quebra do sigilo bancário e fiscal da Construtora Delta, o que
deveria ser uma devassa restrita ao estado de Goiás escapou do controle
dos parteiros. A cachoeira de patifarias vai se mostrando
suficientemente caudalosa para alcançar pecadores em qualquer ponto do
país ─ e provocar estragos de bom tamanho no coração do poder. No mais
cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, o Brasil soube que o
empreiteiro Fernando Cavendish utilizou empresas fantasmas, “laranjas” e
notas frias para justificar a saída de dinheiro destinado a figurões
incumbidos de ampliar a coleção de contratos multimilionários com o PAC e
com governos estaduais.
Cavendish valeu-se dessas vigarices para alugar, por exemplo, os serviços de “consultoria” do mensaleiro José Dirceu,
escalado para aumentar a fatia reservada à Delta entre os fornecedores
da Petrobras. Dirceu, uma usina de ideias de jerico, foi um dos mais
vibrantes defensores da instauração da CPI. Não vai dormir por alguns
dias. Talvez o console a certeza de que é só mais um na multidão de
companheiros afetados pela epidemia de insônia
DO MOVCC
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