Vivemos a falsificação plena da
democracia. Perdeu-se o medo coletivo da tirania. Nem mesmo os exemplos
históricos das experiências tiranas parecem acordar a massa, que
adormeceu letargicamente.
É certo que o Brasil, conduzido por Dilma Rousseff e o PT, está a
caminho do desastre. Na economia já fizeram soar os clarins dos
apocalipse. No plano das liberdades, as ameaças são antigas e
continuadas. No da moral e dos bons costumes, temos assistido à
criminalização das virtudes e a autorização legal (quando não
acompulsoriedade) para a prática dos vícios, tresvalorando todos os
valores.
(Ontem vi pela tv a cabo a fantasia cinematográfica do Quentin
Tarantino, Bastardos Inglórios. Belo filme, a crônica do que poderia ter
sido se quem podia dizer não o tivesse feito em tempo hábil. Toda gente
sabia o que viria. Em 1929 Thomas Mann proferiu seu famoso discurso
contra o nazismo. Raymond Aron, em 1932, também escreveu contra a
loucura. Ortega y Gasset, Eric Voegelin, e Joseph Strauss também, mas
nenhum deles tinha poder para tornar seu não efetivo. Todos que poderiam
dizer não e tinham poder tornaram-se sócios da empreitada nazista. Nos
primeiros anos tiveram lucros certos e espetaculares. Depois veio o
mergulho no abismo.)
Quem pode dizer não ao PT hoje? Alguém diria: os eleitores. Ora,
depois da propaganda maciça, da anestesia injetada no sistema
educacional, da adesão interesseira das elites econômica (os banqueiros
em primeira hora, mas estes já estão purgando seus pecados), a classe
política inteira e até mesmo o estamento militar não têm como dizer não
ao aprofundamento da loucura política. Eu reconheço a extrema
competência com que os revolucionários petistas estão conduzindo a
coisa. Em oito anos de Lula, por exemplo, não ousaram mexer nos
fundamentos da política monetária. Agora estão à vontade para ditar aos
bancos regras draconianas, mesmo que sejam contra as leis econômicas.
Os eleitores não dirão não porque não têm senso crítico e a
propaganda utilitarista recomenda mesmo é a troca de votos pelo
benefício imediato oferecido pelos governantes. Vivemos a falsificação
plena da democracia. Perdeu-se o medo coletivo da tirania. Nem mesmo os
exemplos históricos das experiências tiranas parecem acordar a massa,
que adormeceu letargicamente.
Os políticos são sócios maiores do butim, assim como os grandes
empresários. Nenhum deles se colocará como oposição ao PT e sua loucura.
Fazer oposição custa caro e empobrece.
A elite intelectual menos ainda. Não apenas é sócia, ela é quem pôs o
PT no poder e é a gestora de sua aventura governante. Está no poder.
Não há dissenso quanto ao gosto com que vê o PT no poder. O mesmo vê-se
na imprensa, cevada com verbas publicitárias e com as redações entregues
aos militantes partidários. Nunca dirão não.
E a Justiça? Bem vimos as recentes decisões do STF. Os ministros
deixaram a majestade da toga para envergarem a bandeira partidária e
agora deliberam como resignados e obediente militantes partidários. O
Ministério Público também está grandemente tomado pela militância do PT,
bem como a magistratura de primeira instância. A Justiça não é mais
órgão de Estado, mas órgão partidário.
Quem pode dizer não, então? Ninguém. Alguns podem até ver com clareza
o desastre que se aproxima e saber exatamente o que se passa. Mas gente
assim está politicamente e economicamente isolada e não tem como
influir no processo. E, se tentar, entrará na condição de alvo dos
chefes do regime. Como aconteceu com a fraca e quase inexistente
resistência ao nazismo, na Alemanha.
O Brasil terá que viver integralmente seu destino trágico, cujos
acontecimentos são de difícil previsão. Beberá, até a última gota, do
cálice preparado pelas esquerdas.
Em vídeo: O voluntarismo de Dilma vai custar caro
O artigo de de Rogério Furquim Werneck, publicado no jornal O Globo
no último dia 11 ('Ao sabor do voluntarismo'), sublinha o voluntarismo
inconsequente do governo. Ao subordinar as políticas de Estado aos
caprichos de uma vontade irracional, Dilma Rousseff está ressuscitando o
fantasma a hiperinflação e do desequilíbrio cambial, de triste memória
entre nós.
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