Algo
se move, e positivamente, na cidade de São Paulo. Os mercadores do caos
perderam. Não tenho dados mensuráveis, confesso. Mas me parece que a
reação à greve do metrô e de parte dos trens caiu muito mal, a julgar
pelos protestos nas redes sociais. A população percebeu o óbvio:
trata-se de uma paralisação que está de olho nas urnas de dois modos
distintos, mas que se combinam: a) porque há eleições, então se supõe ser mais fácil chantagear o poder público; b) há, evidentemente, pessoas interessadas na sucessão na cidade que pretendem lucrar eleitoralmente com o caos.
E isso foi
percebido de maneira que me parece inequívoca nas manifestações que
tomaram as redes. Por mais que os perfis falsos do petismo, seu robôs e o
tal MAV (o SNI petista que monitora a Internet) tenham tentado emplacar
as suas teses, o resultado foi contraproducente.
O governo de
São Paulo deveria dar início à lei de transparência tornando públicos
os salários que se pagam no metrô. Cada um dos usuários do serviço
poderá comparar com o seu próprio ganho e com a media nacional para que
se saiba se a greve tem ou não um fundo ao menos legítimo. Não só os
salários: divulguem-se também os benefícios.
Parte da
imprensa paulistana, infelizmente, entrou de novo na chacrinha e passou a
tratar os metroviários como o “povo oprimido” que reivindicasse
“direitos essenciais do homem”. É um sestro, uma tara, uma preguiça
intelectual e ética. Acham justo que verdadeiros burgueses do
sindicalismo causem transtornos que atingem, diretamente, 4 milhões de
usuários e, indiretamente, a cidade inteira. Tudo por quê? Porque alguns
querem obter benefícios que não teriam não fosse o ano eleitoral, e
outros, sair da irrelevância eleitoral.
Parece que
um acordo está em curso. A Justiça do Trabalho propôs reajuste salarial
de 6,45%. A proposta inicial do Metrô era de 4,65%. O sindicato pedia
20,12%. Pô, deveria pedir logo 100%, né? Quem quer o impossível não pode
ser tão modesto nas pretensões… Tenham paciência! O Metrô sustenta que
consegue chegar a 6,17%. O sindicato, que percebeu que está se
indispondo com a população e que sua causa se tornou impopular, aceitou a
proposta e vai submetê-la à Assembleia.
O governador
Geraldo Alckmin, mais uma vez, está de parabéns por não ter tido receio
de dizer a coisa certa. A população de São Paulo, afirmou ele, foi
punida por decisão de um grupelho radical, numa greve obviamente
absurda, abusiva e escancaradamente política.
REV VEJA
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