O ESTADÃO - 10/05/12
Falando durante reunião de dirigentes do partido realizada na semana passada em Embu das Artes, na Grande São Paulo, o Falcão do PT demonstrou mais uma vez que sua aversão à imprensa livre é exatamente a mesma que cultivava o Falcão da ditadura militar - o Armando. Coma diferença de que este, às vezes, se poupava de proclamar bobagens, recorrendo ao "nada a declarar".
No Embu,o Falcão petista deixou a imaginação correr solta e deitou falação, mais uma vez, contra essa mania que a mídia tem de falar mal de seu partido. Para esse destemido defensor da mordaça, a mídia "é um poder que contrasta com o nosso governo desde a subida do Lula", e também "ao fazer uma campanha fundamentalista como foi a campanha contra a companheira Dilma". E enfatizou: "O poder da mídia, esse poder nós temos de enfrentar". O que significa que, para Falcão, a imprensa ou apoia o governo ou está condenada à danação eterna. É exatamente o que pensava o Falcão da ditadura militar.
Com esse raciocínio tosco e totalitário, o presidente do PT coloca Dilma Rousseff numa posição delicada, uma vez que,desde que chegou à Presidência da República, ela tem manifestado reiteradamente seu repúdio às tentativas de, a pretexto da necessária implantação de um novo marco regulatório das comunicações, promover o cerceamento da liberdade de imprensa. Pode-se alegar que, nesse assunto, a posição do partido,pelo qual Falcão fala, não é, necessariamente, a do governo. Mas não é isso que o trêfego discípulo de José Dirceu quer dar a entender quando afirma com todas as letras que, depois de"peitar" os bancos, o governo "se prepara agora para um segundo grande desafio".Como são posições antagônicas, só a de um - Dilma ou Falcão - pode valer. Até por uma questão de credibilidade, tudo leva a crer que se pode confiar na posição claramente exposta pela presidente da República.
No fim do governo Lula, o então secretário de Imprensa, Franklin Martins, conseguiu fazer aprovar, num evento armado explicitamente para esse fim - a Conferência Nacional de Comunicação -, o anteprojeto do novo marco regulatório das comunicações, que incorporava um conjunto de disposições legais para atualizar as regras das atividades em áreas que dependem de concessão estatal,como a radio difusão e a telecomunicação. Essas regras estão completamente defasadas, em função dos avanços tecnológicos das últimas décadas. Cumpre,portanto, modernizá-las.Mas Franklin Martins e seu grupo de esquerdistas radicais tentaram contrabandear, no bojo do projeto,medidas de "controle social da mídia" que permitiriam o cerceamento do direito de informação e opinião. Censura, enfim.
Alertada para a ameaça que o anteprojeto representava para a liberdade de imprensa, Dilma transferiu o assunto da Secretaria de Comunicação Social da Presidência,órgão de caráter político, para o Ministério das Comunicações, eminentemente técnico, recomendando ao ministro Paulo Bernardo que passasse um" pente-fino" no projeto, para escoimá-lo do entulho autoritário. O resto é delírio do Falcão petista.
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