No Congresso, apreensão com CPI do Cachoeira une base à oposição
Comissão já é apelidada por parlamentares de "Jim Jones" porque "todos morrerão abraçados"
MARIA LIMA - O Globo - BRASÍLIA
O clima de apreensão,
principalmente no PT e no Planalto, aumentou muito nesta terça-feira com
os rumos que vem tomando a CPI Mista do Cachoeira. Antes manifestadas
reservadamente, as preocupações foram explicitadas depois que o líder do
PR, senador Blairo Maggi (MT), comunicou, em reunião dos líderes da
base com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que o
ex-diretor do Dnit Luiz Antônio Pagot está incontrolável, depois de ter
se desligado do PR.
Em meio ao susto, alguns
parlamentares davam nesta terça-feira novo apelido à investigação: CPI
Jim Jones, porque "vai morrer todo mundo abraçado", numa referência ao
suicídio coletivo em 1978, na Guiana, que tinha à frente um líder de uma
seita americana.
— O Pagot é um fio desencapado.
Está descontrolado. Já avisou que quer ser o primeiro a depor na CPI e
vai falar de tudo quanto é obra de rodovia e quem ordenou os contratos
bichados em cada estado — disse Blairo a Ideli, segundo relato de um dos
participantes.
Na reunião da bancada do PT mais tarde, para a escolha dos nomes, também se temia a imprevisibilidade com os rumos da CPI.
Alguns opositores da CPI no PT
admitem que os líderes se precipitaram em sua criação, quando o Supremo
Tribunal Federal (STF) se negou a enviar os autos dos inquéritos da
Operação Monte Carlo. O senador Wellington Dias (PT-PI) disse que há
alguns dias ponderou que a CPI não vai avançar na área de investigação:
— Eu ponderei: se já está tudo
apurado e em fase de julgamento para que CPI? Vai ser uma CPI meramente
política. Mas com o carro a 200 quilômetros por hora não tinha como
parar, qualquer um que recuasse pareceria medo de ser investigado —
disse Wellington Dias, nesta terça-feira.
Nos bastidores, não se descarta
nem a apresentação de requerimentos para convocação do procurador-geral
da República, Roberto Gurgel. E até ministros do STF poderiam ser
convocados.
— Essa CPI é imprevisível. Ninguém sabe onde vai dar, não — dizia Blairo, no final da tarde..
O senador Pedro Taques (PDT-MT),
da ala independente, não descarta retomar casos de antigos personagens
como o ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil Waldomiro Diniz e o
escândalo da Gtech.
DO GENTE DECENTE
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