Por Gabriel Castro, na VEJA Online:
O vazamento do inquérito da operação Monte Carlo comprova que o
suposto conluio entre a imprensa e a quadrilha do contraventor
Carlinhos Cachoeira nunca passou de uma invenção de grupos hostis à
liberdade de expressão - o que inclui setores do PT e seus aliados. A
íntegra das investigações reforça o óbvio: o jornalismo investigativo
cumpriu o seu papel sem se sujeitar à máfia.Em um dos trechos interceptados pela Polícia Federal, o senador Demóstenes Torres diz a Cachoeira que tentará esvaziar os efeitos de uma reportagem de VEJA sobre a empresa Delta, publicada há cerca de um ano. O senador diz que o assunto vai esquentar no Congresso. Afirma que alguns colegas, como Alvaro Dias (PSDB-PR), já tentavam levar os representantes da construtora para falar ao Congresso.
O trecho
revela que a quadrilha e seu mais fiel aliado político foram atingidos
pela denúncia contra a companhia, que atuava como um braço da máfia, e
tentaram minimizar o estrago e esvaziar o discurso da própria oposição.
Em uma segunda conversa, dias depois, Demóstenes afirma ter cumprido o
objetivo. Eis a transcricão feita pela Polícia Federal: “Ah num deu em
nada não cê viu né? Eu arrumei um… uma maneira de fragilizar o
discurso”.
O senador
Alvaro Dias afirmou neste sábado ao site de VEJA que as revelações do
inquérito devem amenizar o ímpeto dos parlamentares que pretendiam usar
a CPI do Cachoeira para agredir a imprensa: “Agora esse discurso perde
força. Mas que houve uma tentativa de avançar sobre a imprensa,
houve”. Ele chama de “fascista” a ofensiva sobre os meios de
comunicação e diz que a explicação para o rancor está clara: “São os
adeptdos do mensalão tentando se vingar dos algozes deles”.
Líder do PPS
na Câmara, Rubens Bueno (PR) também acredita que o vazamento do
inquérito deve colaborar para desmoralizar o discurso anti-imprensa.
“Da nossa parte, isso não vai prosperar. É um vezo autoritário, uma
tentativa de constranger o jornalismo investigativo”, afirma. O
parlamentar diz que os ataques aos meios de comunicação são uma
tentativa de tirar o foco do essencial: as ramificações políticas da
quadrilha de Cachoeira.
Jogo duplo
Na conversa com o contraventor, Demóstenes revelou preocupação com a cobrança feita pelos oposicionistas depois da reportagem de VEJA: “Estou te ligando por isso, avisar o pessoal que está todo mundo em cima, Alvaro Dias, não sei que…”
Mencionado na conversa, o senador Alvaro Dias conta que, na época, a
estratégia de Demóstenes não ficou clara. Mas ele diz ter notado, mais
de uma vez, um comportamento intrigante no colega: “Ele avançava e
recuava. Batia onde podia e recuava em outras situações. Agora é que a
gente começa a entender”, diz ele.Na conversa com o contraventor, Demóstenes revelou preocupação com a cobrança feita pelos oposicionistas depois da reportagem de VEJA: “Estou te ligando por isso, avisar o pessoal que está todo mundo em cima, Alvaro Dias, não sei que…”
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