Com a palavra, Graça Foster,
a severa!
a severa!
José Eduardo Dutra, como sabem, é ex-presidente do PT. Tem um perfil no Twitter. Identifica-se assim:
No que diz respeito à política, tem de ser neutra, ainda que sua direção seja nomeada pelo governo.
Pois bem…
Este que se identifica como “Diretor Corporativo e de Serviços” — é ele quem evoca a sua condição de dirigente da empresa em sua página pessoal — decidiu fazer um comentário no Twitter sobre a pesquisa CNI-Ibope.
E o fez nestes termos:
E teve o mau gosto adicional de atribuir a sua falta de educação, a sua falta de decoro, a sua falta de limites a Sergipe!!!
Não!
Os sergipanos não têm qualquer responsabilidade na fala desavergonhada de Dutra — que nasceu, lembre-se por amor à precisão, no Rio.
Os cariocas também não têm nada com isso.
A falta de vergonha de Dutra é de sua inteira responsabilidade.
Um dos Três Porquinhos
Naquela que me pareceu, à época, uma boa definição, Dutra foi classificado, em 2010, pela então candidata Dilma Rousseff como um “dos Três Porquinhos”. Os outros dois eram José Eduardo Cardozo (atual ministro da Justiça) e Antônio Palocci, que foi defenestrado da Casa Civil.
Só na fábula porquinhos não fazem… porcaria e gostam de casa limpinha.
A doença
Em abril do ano passado, Dutra deixou a presidência do PT. Estaria com uma depressão severa.
Ele mesmo chegou a comentar seu estado de saúde, alegando alguns estranhos transtornos.
Parece que andou tendo algumas ausências e coisa e tal. No dia 25 daquele mês, escrevi aqui:
“Dutra representa boa parte das coisas que abomino em política, o que não me impede de realmente torcer pela sua recuperação. Quero voltar a torrar a sua paciência no Twitter.
Abomino o pensamento, não o pensador.
Em 2006, passei por algumas poucas e boas, como sabem muitos de vocês. Chegaram ecos do mundo das sombras torcendo pelo pior.
Eu, sinceramente, senti pena de quem folgava com a minha fragilidade.
Que grandeza ou graça pode haver numa luta assim?
Somos aqueles que apostam sempre na saúde e no bem-estar, para que as divergências restem límpidas e possam ser exercitadas com clareza.
Pretendo que isso se espelhe nos comentários.
Que Dutra volte à sua trincheira, que jamais será a minha.”
Não há menor possibilidade de este blog condescender com a desgraça alheia. Parece que Dutra recuperou a saúde, com o que, sinceramente, folgo. E também está de volta à delinquência política.
Certamente há pessoas insatisfeitas com os números da pesquisa Ibope — conheço alguns lulistas, por exemplo, e alguns peemedebistas…
Digamos que a maioria delas seja de oposição.
Eu lhes pergunto: cabe a um dirigente de uma empresa, nomeado pelo governo para uma função técnica (não para fazer proselitismo), manifestar-se nesses termos?
QUE OUTRA DEMOCRACIA DO MUNDO ACEITARIA COMO REGULAR UM PROCEDIMENTO COMO ESSE?
Ocorre, minhas caras e meus caros, que não há democracia no mundo em que o Estado tenha o tamanho que tem o brasileiro, com a sua consequente onipresença.
Nesta manhã, escrevi um texto indagando — e ensaiando uma resposta — por que há tanta corrupção no Brasil.
Esse tuíte desbocado de Dutra explica tudo: aqueles que assumem cargos públicos, a direção de estatais, de autarquias etc.
conferem a si mesmos todos os direitos. Não se sentem obrigados a seguir nem as regras mínimas do decoro e da boa educação.
Imaginem se um dirigente da oposição sugerisse ao governo federal: “Enfia o dedo e rasga”.
Os petistas fariam um grande escarcéu. As feministas do oficialismo falariam em “apologia velada do estupro”, acusariam o “machismo da imagem” etc.
O Comisariado do Povo GLTBXPTOYZ emitiria um comunicado indignado…
Como é um petista falando, tudo pode!
Dona Graça Foster, presidente da Petrobras, está com a palavra. É evidente que o comportamento de Dutra não está adequado ao código de conduta dos funcionários da Petrobras.
Mas ele é um dos milhares de petistas que exercem cargos de confiança. Se Graça não obrigá-lo a se desculpar — E REITERO QUE SUA PÁGINA TRAZ O SEU PERFIL DE HOMEM DA PETROBRAS — e a retirar aquele tuíte, estará endossando suas palavras.
Isso significa que a presidente da Petrobras, numa eventual altercação com algum oposicionista, poderia ouvir algo semelhante e considerar que imagem tão delicada é parte da linguagem política regular, a ser exercitada, inclusive, nos corredores da Petrobras.
Se Dutra pode, na condição de homem de empresa, dizer isso, então ele pode muitas outras coisas que não constam do rol de procedimentos oficiais da Petrobras.
Agora, segundo se sabe, Dutra não está mais doente.
Está curado!
Esse é o Dutra normal.
Esse é político que, ao se referir a eventuais oposicionistas, recorre a uma metáfora de violação e violência, ainda que num castigo autoimpingido.
A imprensa também não vai pegar no seu pé porque ele está na categoria dos “amigos”.
Se o deputado Jair Bolsonoro (PP-RJ), por exemplo, dissesse algo semelhante, alguém tentaria entrar com uma representação contra ele no Conselho de Ética da Câmara.
E olhem que Bolsonaro foi eleito por milhares; Dutra, por uma só pessoa.
De todo modo, não consta que o parlamentar tenha se manifestado de forma tão escrachada.
A corrupção de fato, aquela que rouba dinheiro público, é só a segunda etapa de uma corrupção anterior: a de valores.
Antes de roubar o nosso dinheiro, eles roubam a nossa capacidade de nos indignar.
Para esse mal de Dutra, meus caros, não há remédio.
A depressão é um transtorno que pode ser corrigido com um reequilíbrio neuroquímico.
Não existe antidepressivo que corrija o caráter.
DO R.DEMOCRATICA
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