“No
fim de 2008, a Petrobras convidou a Delta para duplicar o parque de
expedição de diesel na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc). Um convite
inusitado, uma vez que a empreiteira era especializada em obras
rodoviárias e construção civil. Para suprir a carência técnica e se
habilitar, a Delta comprou a Sigma, empresa que já tinha diversas
parcerias com a estatal. Depois dessa negociação, a empreiteira assinou
um contrato com a Petrobras no valor de 130 milhões de reais. A
aproximação entre a Delta e a Sigma foi feita pelo engenheiro Wagner
Victer, auxiliar do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que é
compadre de Cavendish. O negócio parecia bom para todos os envolvidos. A
Petrobras contratou a obra por um preço considerado baixo, a Delta se
cacifou para atuar no bilionário ramo do petróleo e os donos da Sigma
ficariam ainda mais ricos. Mas nem tudo correu como se esperava.
Cavendish e seus sócios se desentenderam ao cabo de disputas
financeiras. Dos ex-sócios inconformados partiu a revelação, certamente
de alto interesse para a CPI instalada na semana passada, segundo a
qual, para conseguir o contrato na Petrobras, a Delta teria pago
propina. Sob a condição de anonimato, um deles contou a VEJA que a
Sigma, além de servir como fachada técnica para as operações da Delta,
funcionou como caixa para quitar faturas em que a própria Delta preferia
não aparecer como devedora. Para ocultar o pagamento de propina,
segundo o relato gravado do ex-sócio, que diz temer por sua segurança, a
Sigma foi orientada a simular a contratação de serviços para justificar
a saída da propina. Os diretores da Delta indicavam o valor e os
funcionários da estatal a ser beneficiados. A fatura era então
encaminhada a José Augusto Quintella e Romênio Marcelino Machado,
ex-donos da Sigma que continuaram na empresa. Seguindo orientações de
Cavendish, eles providenciavam notas frias para justificar os gastos com
a propina. Essas notas eram assinadas por Quintella e Machado e por
Flávio Oliveira, diretor da Delta. Só funcionários da área operacional
da Petrobras, segundo o ex-sócio, receberam 5 milhões de reais. Um
volume ainda maior teria sido pago a dirigentes da empresa. Desse mesmo
caixa saíram os recursos para pagar os trabalhos de consultor prestados
por José Dirceu.” ( VEJA)
DO B. DO MARIO FORTES
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