domingo, 29 de abril de 2012

Attuch sai em defesa de Agnelo Queiroz, que financia seu site, e decide me tirar para uma contradança. Pois não!

Leiam até o fim. É divertido.
O site 247, apelidado no meio jornalístico de “171″, resolve, mais uma vez — e isso sempre lhe rende visitas —, responder a um post que publico aqui, citando o meu nome em vão e me atacando. Muitos leitores me recomendam que não responda a coisas assim. Dizem que o cara só quer chamar a atenção, aparecer mais na rede e tal. Eu sei. Mas, às vezes, fico com vontade. Ademais, queridos, quem migrar para aquele troço e gostar merece ter o troço como referência, certo? Quem lê Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim até corre o risco de achar Leonardo Attuch um estilista da língua. Sigamos.
Num dado momento, Attuch, em pena oculta, escreve: “Não deve ser fácil ser Reinaldo Azevedo nestes dias…” Por que não? Ele próprio costumava achar não só fácil como, quem sabe?, glorioso! A frequência com que classificava de “brilhantes” meus artigos em e-mails que me enviava é até um pouco constrangedora. Já publiquei alguns — não todos. Ser Reinaldo Azevedo é bem fácil. Ser Lenardo Attuch é que é o “x” do problema.
Tivesse ele um mínimo de decoro, estaria envergonhado. Mas pertence à categoria dos que não coram nunca — não de constrangimento ao menos. Alardeou que o inquérito sobre Demóstenes Torres era devastador para um jornalista da VEJA, e o que se vê lá é só um atestado de correção profissional. Ficou mal pra ele. Então tem de inventar teorias novas: a mais recente é a de que a revista tentou derrubar Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal.
Coitadinho do Agnelo, não é, Attuch? VEJA não tentou derrubar ninguém porque nunca tenta. Mas, se tiver informações que levem à sua queda, vai publicá-las. Quem demite ministros é o (a) presidente. Quem demite políticos eleitos é o povo. VEJA só conta o que sabe.
Como? Leonardo Attuch saiu em defesa de Agnelo? Saiu, sim! Faz sentido. O governo do Distrito Federal é um dos financiadores do 247. O site é mais um “veículo independente” que depende de publicidade oficial e de estatais para existir. No inquérito sobre Demóstenes, há farta munição contra os governos do Distrito Federal e de Goiás. Attuch é um homem justo: é implacável com Marconi Perillo e defende Agnelo Queiroz. No seu ramo, é preciso ser justo com quem paga a conta.
"Livre como um táxi", Leonardo Attuch se dedica à defesa de Agnelo Queiroz, cujo governo é anunciante do site que ele comanda
"Livre como um táxi", Leonardo Attuch se dedica à defesa de Agnelo Queiroz, cujo governo é anunciante do site que ele comanda
É uma piada! Até outro dia, esse rapaz era um grande admirador daquele que ele chamava “caro Reinaldo Azevedo”. Chamava por sua conta. Nunca fui seu amigo — ele, parece, forçava a amizade, convidando-me para um café. Não fui, claro! Seria mágoa? Não! É coisa pior. De repente, passou a me tratar como o demônio da Internet. Descobri logo a razão: José Dirceu e Delúbio Soares tinham virado colaboradores de sua página. E estatais mais o governo do DF tinham virado “colaboradores” na área publicitária.
Dirceu, o "chefe de quadrilha", segundo a PGR, é um dos pensadores do "247", do isento Leonardo Attuch
Dirceu, o "chefe de quadrilha", segundo a PGR, é um dos pensadores do "247", do isento Leonardo Attuch. Pensador Global, ele analisa as eleições na França. Ulalá!!!
Delúbio, que integra a quadrilha do outro, segundo a PGR, também é pensador do "247". A base dele é Goiás. Seria isso só uma coincidência? Dizem que não!
Delúbio, que integra a quadrilha do outro, segundo a PGR, também é pensador do "247". A base dele é Goiás. Seria isso só uma coincidência? Dizem que não! Ah, sim: também os números de Delúbio são mentirosos
Não é mesmo engraçado que o defensor de Agnelo Queiroz e colega de site de Dirceu e Delúbio tente posar de moralizador e grande crítico da mídia? Dizendo-se um democrata, um tolerante, coisa que eu não seria (Attuch descobriu isso recentemente), alega que o tucano Arthur Virgílio também escreve em sua página. Virgílio não foi cassado por corrupção, não organizou o mensalão, não é acusado de ser chefe de quadrilha. Poderia escrever em quaquer site. Quem escreve só no de Attuch e em outros de padrão semelhante são José Direceu e Delúbio Soares…
A propósito: vocês não estão doidos para ver Attuch defender o máximo rigor com os mensaleiros no STF? Cuidado, rapaz! A depender do resultado, seus articulistas terão de enviar os artigos da cadeia.
Rancores e afinidades
Da VEJA, é bem verdade, Attuch não gosta faz tempo.
Em 2005, reportagem da revista informava que relatório da Polícia Federal o apontava como um dos homens que colaboravam com a empresa de espionagem Kroll, que trabalhava para Daniel Dantas. A revista publicou o seguinte:
“O relatório da Polícia Federal lista ainda outras três reportagens publicadas pela IstoÉ Dinheiro, sempre com um tom favorável a Dantas e à Kroll, de acordo com a PF. Diz um dos trechos do documento: ‘Da mesma maneira, coincidência ou não, logo após a prisão de Tiago Verdial, IstoÉ Dinheiro, em reportagem noticiada na capa, divulgou outra matéria e uma entrevista realizada com Jules Kroll, criador da agência Kroll, o qual dá sua versão sobre os fatos, apontando contradições no então chamado caso Kroll’, descreve o relatório. A Polícia Federal também chama atenção para o fato de que ‘o autor de todas as citadas matérias, dentre outras com o mesmo direcionamento, é Leonardo Attuch, jornalista de IstoÉ Dinheiro’. E completa: ‘Há indícios de que Leonardo Attuch favoreceria a quadrilha investigada no procedimento criminal, elaborando matérias que vão ao encontro dos interesses da organização criminosa’. Attuch afirma que nenhuma de suas reportagens foi contestada por quaisquer das partes envolvidas e que um pedido de quebra de sigilo telefônico, feito pela PF à Justiça, foi negado sob a justificativa de que não existiam indícios de crime contra ele.”
kroll-leonardo-attuch
No meio jornalístico, há quem afirme que Daniel Dantas, QUE NUNCA FOI BRIGADO COM A ALA DIRCEUZISTA DO PT, É BOM QUE SAIBAM, é a mão que balança o berço do “247″. É o que afirma, por exemplo, Mino Pedrosa em seu site. A acusação é pesada:
“Humberto Braz, “o mala”, era responsável mensalmente pela felicidade de Attuch. A imprensa , na época da Operação Sathiagaha, denunciou Attuch de receber propinas e presentes de Daniel Dantas, como por exemplo uma confortável casa no bairro classe A, de São Paulo, o Alphaville.
A quadrilha de Daniel Dantas até hoje sustenta o “jornalista”. Montaram um site www.brasil247.com, onde Attuch atua sem se identificar, a serviço não só da quadrilha de Dantas, como também cuidando dos interesses de empresários  como José Batista Junior, da Friboi, que se filiou ao PSB em Goiás para disputar o governo com Marconi Perillo (PSDB), e empresas como a Odebrech, apadrinhada pelo deputado cassado e personagem central no Mensalão do PT José Dirceu e o Banco BVA.
O site de Attuch ataca os políticos de Goiás preparando o terreno para as eleições de 2014, quando o dono do Frigorífico Friboi sairá candidato ao Governo do Estado. Attuch também abocanha verba na Secretaria de Comunicação do governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz. Parte desses contratos Attuch não pode receber pelo site, porque são propinas pagas através de Caixa 2.”
Voltando
Quem gosta desse tipo de jogo é Leonardo Attuch. Eu me limito a constatar que ele era um feroz crítico do petismo — acusando, inclusive, a tentativa do PT de criar um estado policial no Brasil (tenho um e-mail seu encantador a respeito) — e um fanzaço de Reinaldo Azevedo. Agora que virou parceiro de Dirceu e Delúbio e que tem o financiamento de Agnelo Queiroz e de estatais, passou a ver o partido com outros olhos e descobriu que não sou um cara bacana… Não quer mais tomar café comigo! Ah…
De uma coisa eu sei: a admiração que ele tinha por mim era gratuita. Já a fase do ódio parece ser muito bem-remunerada.
Mas esperem…
Eu sempre fui um duro crítico da Operação Satiagraha, que era comandada pelo agora deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) — aquele que foi pego conversando com Dadá, assessor de Cachoeira, e que teve um encontro com um diretor da Delta intermediado pessoalmente pelo bicheiro. Não obstante, estará na CPI… Adiante! Era crítico porque repudio ilegalidades. Ponto final! Protógenes pintava Dantas como o demônio do Brasil. Se bem se lembram, parte da esgotosfera chegou a me acusar de proteger o banqueiro. Não é uma delícia eu poder dizer: “Acusei, sim, as ilegalidades de que Dantas foi vítima e quero mais que Dantas se dane!” Escrevi o que achava certo.  Coincidência ou não, enquanto a tal operação estava em curso e enquanto eu era seu crítico, Attuch me puxava o saco. Seria a mando de Dantas? Será que nem a pretérita admiração de Attuch por mim era gratuita??? Não sei! Uma coisa é certa, não é? Os dois sabem que não faço parte desse pântano.
ESCREVO O QUE QUERO.
CRITICO QUEM QUERO.
ELOGIO QUEM QUERO.
Arrematando
Leonardo Attuch escreva o que lhe der na telha destrambelhada que não vai conseguir mudar algumas verdades inquestionáveis, documentadas:
1 - Eu não mudei de opinião sobre fatos e pessoas; ele mudou.
2 - O inquérito da Polícia Federal não traz uma vírgula contra a VEJA, para a sua tristeza.
3 - Sua mudança de postura coincide com a sua aproximação com Zé Dirceu e Delúbio e com o financiamento oficial que passou a receber.
4 - VEJA publicou a primeira grande matéria revelando o que era a Delta.
5 - VEJA publicou a primeira matéria sobre os vínculos de Demóstenes com Cachoeira.
O resto é briga de gangue e tentativa desesperada de melar o processo do mensalão.
Repito: a operação deu com os burros n’água, Zé! Tente outra vez!
PS - Attuch não vá ficando assanhado que não é todo dia que tem gorjeta. Não aqui. E faria melhor se me deixasse fora de sua pantomima.
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

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