quinta-feira, 22 de março de 2012

O “raciossímio” de Haddad: ele está bravo e exige que os adversários o deixem ganhar a eleição! Ou: só se é petista por equívoco ou malandragem!

Leio no “Painel”, da Folha, uma nota que demonstra a que profundidade chega a agudeza de Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura. Vejam. Volto em seguida.
“Atropelo
O anúncio de que Gilberto Kassab lançará pacote de obras para os corredores de ônibus, uma das bandeiras do PT em São Paulo, tirou do sério o QG de Fernando Haddad. Petistas entendem que a iniciativa visa neutralizar críticas à prefeitura durante a campanha.”
Voltei
Vou tentar entender o “raciossímio” do bruto. Caso não consiga, vocês me ajudem.
1 - Corredor de ônibus, agora, é uma ideia com copyright, é isso? Foi a grande contribuição que o petismo deu ao urbanismo mundial? Nunca antes na história deste mundo se havia pensado em algo parecido?;
2 - como o PT pretende fazer dos corredores uma bandeira — bem…, é preciso propor alguma coisa, afinal —, Kassab deveria ter a delicadeza de não tocar no assunto para não prejudicar a campanha do adversário;
3 - quer dizer que tudo o que de eventualmente bom e positivo o prefeito fizer ou propuser, ele só estará agindo para “neutralizar críticas à prefeitura durante à campanha”?
Quando imaginou, em seu delíri asqueroso, como o Partido Comunista (ele o chamada de “Moderno Príncipe”) — que seria então o partido único — haveria de ser visto um dia, Gramsci, o taradinho do “totalitarismo com face humana”, escreveu:
“O Moderno Príncipe, desenvolvendo-se, subverte todo o sistema de relações intelectuais e morais, uma vez que seu desenvolvimento significa, de fato, que todo ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminoso, somente na medida em que tem como ponto de referência o próprio Moderno Príncipe e serve ou para aumentar o seu poder ou para opor-se a ele (…)”
Sei não… Acho que nem Gramsci foi tão longe quanto Haddad! Notem que os petistas estão partindo, então, do pressuposto de que o cargo lhes pertence como um dote da natureza, e tudo o que o prefeito fizer, ainda que em benefício da população, será apenas para impedir a eleição do representante do “Moderno Príncipe”.
O “raciossímio” tem desdobramentos lógicos. Como os petistas certamente consideram que a chegada do partido ao poder é um “bem coletivo”, entende-se que obstá-la é um mal, certo? Uma das formas de lograr esse intento é fazer coisas boas à população, coisas que a levem a não votar no petismo. Tem-se, pois, como desdobramento ainda lógico, que todo o bem que um não-petista fizer ao povo é, na verdade, expressão do mal.  Seguindo nessa vereda, somos obrigados a concluir que os verdadeiros aliados do PT são os malfeitores.
Pensando bem, o que é a história do partido? É a construção de uma narrativa mentirosa, que transformou em malefícios alguns dos fundamentos virtuosos construídos pelos adversários, que servem de base a seu próprio governo. Há apenas duas maneiras de ser petista: por equívoco ou por malandragem. Os equivocados não se dão conta da fraude intelectual. Os malandros ajudam a construí-la. Sim, os malandros são em maior número. Não por acaso, Gramsci falava em “subversão de valores intelectuais”!!!
Que dias estes, não?
Antigamente, para desbancar os adversários, políticos apontavam o que eles haviam feito de ruim para o povo. O PT inovou: fica nervoso quando nota que o adversário propõe uma coisa boa.
Por Reinaldo Azevedo

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