Pare de dar tantas entrevistas, arregace as mangas e mãos à obra.
Justiça começa a ouvir réus do escândalo dos 'dólares na cueca'
O ex-assessor do deputado José Guimarães (PT-CE) é um dos réus; ele foi preso em 2005 com US$ 100 mil na cueca em São Paulo
Daniel Aderaldo - iG Ceará
José Adalberto Vieira da Silva, um dos réus no processo, foi preso em 2005, quando tentava embarcar em um avião para o Ceará, no Aeroporto de Congonhas, na cidade de São Paulo, com U$$ 100 mil escondidos na cueca, e mais R$ 200 mil em uma maleta. Ele deve ser ouvido no decorrer da semana.
Na época, Adalberto era assessor parlamentar do então deputado estadual, hoje deputado federal José Nobre Guimarães (PT-CE), irmão do ex-presidente do PT, José Genoino. Ele será ouvido por meio de carta precatória (instrumento da Justiça usado quando réu ou testemunha residem em outra comarca. Outro juiz colhe o depoimento orientado por carta pelo magistrado responsável), no município de Aracati, no Ceará, onde reside.
Para o Ministério Público Federal (MPF), o dinheiro em questão era propina que pagaria Guimarães por ter intermediado um financiamento entre um consórcio de energia e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), no valor de R$ 300 milhões. Contudo, o parlamentar foi inocentado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instaurada na Assembleia Legislativa do Ceará para apurar o caso.
Os procuradores que atuaram no caso identificaram ligações entre Guimarães e as pessoas envolvidas no transporte do dinheiro e na negociação do financiamento com o banco público. Um exemplo dessas relações é a influência que o petista teve na indicação de Roberto Smith para a presidência do BNB, onde ainda permaneceu até 2011. O parlamentar também mantinha contato com o chefe de gabinete do ex-presidente do BNB, Kennedy Moura, enquanto seu assessor estava em São Paulo.
Por essas suspeitas, Roberto Smith e seu ex-funcionário Kennedy Moura são réus na ação. Kennedy foi o primeiro a ser ouvido pela juíza federal Débora Aguiar da Silva Santos e pelo procurador da República Marcelo Mesquita Monte.
As empresas Companhia Técnica de Engenharia Elétrica Alusa, Sistema de Transmissão Nordeste e Ênphase Projetos de Investimento e Consultoria sãos acusadas de atuar no pagamento da propina. Os representantes das empresas serão interrogados por carta precatória, em São Paulo e Recife, onde são sediadas.
O Ministério Público Federal desistiu da oitiva dos réus que seria realizada na manhã desta terça-feira (06). As audiências continuarão na quarta-feira (07/03), quando deverão ser ouvidas as testemunhas arroladas pelos réus.Entre elas, o deputado Ivo Gomes (PSB), chefe de gabinete e irmão do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), o ex-presidente do PT de Fortaleza, Joaquim Cartaxo, e o ex-deputado estadual pelo PT, Eudoro Santana. O próprio deputado José Guimarães também é testemunha no processo. Contudo, ele irá depor em Brasília, também por carta precatória.
A ação corre em segredo de Justiça. Isso significa que as audiências serão restritas às partes envolvidas no caso e que os autos do processo não serão divulgados, embora as decisões e sentenças sejam de cunho público. Esse procedimento está sendo adotado porque o processo envolve quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico dos suspeitos.
As audiências se estenderão por toda semana e devem iniciar sempre às 9 horas da manhã. Ao final de cada dia, a juíza federal Débora Aguiar da Silva Santos vai liberar o termo de audiência do processo, uma espécie de ata que não dá muitos detalhes sobre o andamento da ação nem sobre o conteúdo dos depoimentos.
DO GENTE DECENTE
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