Serra fortalecido como condutor da unidade do PSDB |
Vale a pena ler este texto em forma de perguntas e respostas que esclarece muito a respeito do que rola na política de São Paulo. E porque é importante conhecer estes detalhes? Ora, porque é justamente nesta eleição à prefeitura de São Paulo que estarão sendo jogadas as fichas com relação às eleições de governador de Estado e, de forma muito especial, a próxima eleição presidencial. É por isso que o assunto não sai um dia sequer do noticiário política nacional.
Com a decisão de José Serra concorrer à prefeitura a prévia do PSDB foi para o brejo. Um dos principais candidatos que disputariam essas prévias
é Andrea Matarazzo que já retirou oficialmente sua candidatura. Pressente-se que, com toda certeza, os demais seguirão a sua decisão formando um poderoso arco de apoio à José Serra que, no final das contas, sair fortalecido politicamente. Leiam o preâmbulo e as perguntas e respostas formuladas pelo site da revista Veja. É matéria política de primeira linha:
O secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo retirou oficialmente sua pré-candidatura neste domingo. Após a confirmação de que o ex-governador José Serra vai formalizar sua participação na disputa eleitoral, o anúncio já era esperado. "Vocês nunca vão me ver disputar uma eleição com Serra", disse Matarazzo, em entrevista coletiva. O secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas, deve fazer o mesmo anúncio até segunda-feira.
Apesar dos sinais de que o PSDB vai se unir em torno da candidatura de Serra, São Paulo assiste à disputa eleitoral de resultado mais incerto desde que o eleitorado das capitais recuperou o direito de eleger o prefeito. Isso se deve à determinação do PT de se aliar, no primeiro ou no segundo turno, a qualquer bicho que se mova — desde que não seja tucano.
O PSDB, por sua vez, já percebeu que a eleição na capital paulista é vista pelo Planalto como um ensaio geral para tentar tomar o Palácio dos Bandeirantes, onde petista nunca pôs os pés. Seguem, abaixo, 19 perguntas, com suas respectivas respostas, sobre a sucessão na maior cidade do país.
1 - Por que Serra será o candidato do PSDB? Porque é o único que tem condições de reunir o atual arco de alianças que se opõe ao petismo no estado e na cidade. O prefeito Gilberto Kassab dizia aceitar a aliança com os tucanos desde que o titular da chapa fosse do seu partido, o PSD. Sabia que a condição era considerada inaceitável pelo governador Geraldo Alckmin. Kassab só admitia uma exceção: Serra como cabeça de chapa.
2 - Kassab queria, então, Serra como candidato? Não exatamente. Kassab considera que seu principal adversário em São Paulo é Geraldo Alckmin, que foi o único tucano de alta plumagem que tentou inviabilizar o seu partido, o PSD. No resto do Brasil, os tucanos apoiaram a criação da nova legenda. Em São Paulo, Alckmin hostilizou o PSD e demitiu do secretariado o vice-governador, Guilherme Afif. Assim, Kassab preferiria estar num grupo que fizesse oposição ao governador. Por isso se aproximou do PT. Com Serra candidato, o prefeito, por dever de lealdade, adia o seu projeto de fazer oposição aberta a Alckmin.
3 - Mas o que quer Kassab? Quer ser poder onde quer que esteja. Por isso o seu partido não é "de direita, de esquerda ou de centro". O PSD não faz oposição a nenhuma administração estadual nem ao governo federal. Formalmente ao menos, não se opõe nem a Alckmin. Hoje, é o partido mais governista do país. É uma espécie de PMDB elevado ao estado de arte. Seu lema poderia ser: "Se há governo, sou a favor". O prefeito estava doido para cair no colo da presidente Dilma. O apoio a Fernando Haddad seria o primeiro passo. A candidatura de Serra adiou a sua adesão.
4 - O projeto de Kassab é partidário ou é pessoal? As duas coisas. Na esfera federal, o partido quer exercer a sua vocação governista. Na estadual, o propósito esbarra em Alckmin e seu grupo. Kassab quer se candidatar ou ao governo de São Paulo ou ao Senado em 2014, quando se elege apenas um senador. Tudo o mais constante, Alckmin concorrerá à reeleição. Dificilmente Kassab será o candidato ao Senado do grupo. Por isso ele tentou se unir aos petistas: o objetivo, de fato, seria unir forças para derrotar Alckmin em 2014.
5 - Kassab tem baixa popularidade. Por que PSDB e PT lutaram tanto por seu apoio? Kassab está montado num caixa considerável para gastar até as eleições — algo em torno de 5 bilhões de reais. Tem grandes inaugurações a fazer — entre elas, três grandes hospitais. Há áreas da administração que mereceriam destaque nacional: os professores do município são, por exemplo, os maios bem-pagos do país. O prefeito tem ainda sob a sua influência algo em torno de 60% ou 70% da Câmara de Vereadores. É difícil vencer uma eleição sem eles, como percebeu Geraldo Alckmin em 2008. Kassab tem hoje bons amigos até na bancada petista.
6 - O PT conseguirá reproduzir em São Paulo a aliança que existe em escala nacional, como queria Lula? Não no primeiro turno ao menos. Lula sonhou, por exemplo, em ter Gabriel Chalita como vice de Fernando Haddad. Não terá. Considera, em todo caso, um prejuízo menor porque o ideólogo da "política e da pedagogia do amor" tende a tirar a votos, avalia o ex-presidente, do eleitorado que poderia escolher Serra. Nos debates, o PT espera que o neopeemedebista eleja o tucano como alvo. Num eventual segundo turno disputado por Fernando Haddad, o PT considera o apoio do "candidato do amor" (e do ódio a Serra) como certo.
7 - E o PCdoB, do vereador Netinho de Paula? Apoiará Haddad? O PT luta por isso, mas não é o que está dado hoje. Netinho, até agora, rejeita a aliança com o PT. Alas ideológicas do PCdoB também não estão satisfeitas com o petismo. O ex-ministro Orlando Silva (Esportes), por exemplo, atribui ao PT a fritura a que foi submetido. Os petistas querem impedir a candidatura de Netinho. Se avaliam que Chalita tira votos de Serra, acham que Netinho tende a pegar uma fatia do eleitorado potencialmente petista. É bom lembrar que o PCdoB tem uma secretaria na gestão Kassab, a que cuida da Copa do Mundo.
8 - Quem será o vice de Serra? Tanto o neocandidato como Kassab lutam para que seja alguém do PSD. O mais cotado, nessa hipótese, é o secretário de Educação do município, Alexandre Schneider, ex-tucano convertido ao kassabismo, mas ainda próximo de Serra. Há resistências no PSDB e, sobretudo, no DEM, um potencial aliado importante, sobretudo por causa do tempo de TV.
9 - O DEM aceita um vice do PSD? Em princípio, não, e ameaça migrar para Chalita. O partido tem uma espécie de deliberação nacional, embora não posta em papel, segundo a qual pode integrar uma aliança de que o PSD faça parte, mas jamais apoiar um chapa em que o partido tenha o titular ou o vice. Se o DEM bater o pé e decidir recusar um vice de Kassab sob pena de apoiar Chalita, o nome de Schneider sobe no telhado. Do site da revista VejaDO ALUIZIO AMORIM
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