terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Máfia do jogo do bicho tentava interferir em nomeação para a PF. E não é que se ouvem ecos de… Erenice Guerra?

Na VEJA Online:
Preso na semana passada, acusado de chefiar um dos braços da máfia do jogo do bicho no Rio, o ex-prefeito de Teresópolis Mário Tricano tentava interferir em decisões do Ministério da Justiça, em Brasília. Um trecho do relatório da Operação Dedo de Deus, da Polícia Civil do Rio, tem transcrições de uma interceptação telefônica autorizada pela Justiça em que Tricano conversa com um interlocutor que demonstra proximidade com a cúpula do ministério. Esse interlocutor afirma que terá, em breve, um encontro com um homem que, para os investigadores, seria o ministro José Eduardo Cardozo. O nome todo do ministro, no entanto, não aparece nas gravações.
A conversa interceptada e transcrita no relatório da Polícia Civil ocorreu em 20 de dezembro de 2010, às 19h15. A informação veio a público na edição desta terça-feira do jornal carioca O Dia. A voz de Tricano — provavelmente protegida por um sistema de criptografia — não aparece no áudio.
O amigo de Tricano afirma: “(…) Eu vou ter uma reunião de final de ano com o Cardoso para a questão da nomeação do diretor-geral da Polícia Federal. Essa reunião está marcada para ser quarta-feira”. E, mais à frente, avisa: “Vai ter coisa pra frente que nós vamos precisar, até porque se tudo sair certo a indicação do diretor vai seguir uma linha muito boa e uma linha que vai ajudar muito aquilo que eu falei pra você que eu quero fazer aí no Rio”.
O caso abre uma nova frente nas investigações sobre as ligações da máfia do jogo no Rio. O que se pode afirmar, até o momento, é que alguém, na conversa com Mário Tricano, tentava vender influência no ministério. Nove dias depois do diálogo interceptado, o ministro José Eduardo Cardozo anunciou o delegado da PF  Leandro Daiello Coimbra como futuro chefe da instituição.
Além do teor da conversa, o que chama atenção é a origem do telefonema. O número utilizado para o contato com Mário Tricano está em nome do escritório Trajano e Silva Advogados Associados, de Brasília. Um dos sócios da empresa é Antônio Eudacy Alves Carvalho, irmão da ex-ministra da Casa Civil do governo Lula, Erenice Guerra. Antônio Eudacy teve seu nome ligado ao escândalo da Casa Civil quando se descobriu que outra irmã da minsitra, Maria Euriza Alves Carvalho, contratou o escritório Trajano e Silva, sem licitação, para o Ministério de Minas e Energia, ao qual está vinculada.
Como mostrou reportagem de VEJA, o escritório era usado por Israel Guerra, filho de Erenice, para despachar com os clientes. Um dos advogados da banca é Marcio Silva, que atuou como coordenador em Brasília dos assuntos jurídicos da campanha presidencial de Dilma.
Por Reinaldo Azevedo

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