Delúbio Soares, o tesoureiro do mensalão, obedecendo, parece, à orientação de seu advogado, o petista Luiz Eduardo Greenhalgh — que gosta de pegar causas de heróis —, resolveu que a melhor defesa é o ataque. Já chego lá. Vamos lembrar antes algumas coisinhas.
Os petistas tentaram negar, inicialmente, a existência do mensalão. Numa entrevista ao programa “Roda Viva”, o então presidente da legenda, José Genoino, foi inequívoco: tudo mentira! Não admitiu nem mesmo o crime eleitoral. Encerrou sua performance lembrando a sua condição de ex-preso político e chorou. Todos ficaram comovidos, claro! No dia 17 de julho de 2005, numa entrevista ao Fantástico, Lula lançou a grande linha de defesa dos petistas, inventada por Márcio Thomaz Bastos: tratava-se de crime eleitoral, e todo mundo faz o mesmo. Surgiram, no entanto, evidências de compra até de partidos, com porteira fechada. A situação se agravava. No dia 12 de setembro, Lula se viu obrigado a fazer um pronunciamento oficial. Pediu desculpas à nação. É aquele filme em que, curiosamente, ele fica falando e olhando para o alto (observem), sei lá por quê. Vale a pena rever o Apedeuta admitindo a prática de atos “inaceitáveis”. Volto em seguida.
Voltei
Lula foi recuperando aos poucos sua popularidade. À medida que o tempo passava, começou um processo de revisão da história. Para tanto, entrou em campo o time da “Academia”, os petistas universitários. Liderados por Marilena Chaui, alguns “professores” inventaram a farsa de que a crise do mensalão era só uma tentativa de golpe das oposições, com o auxílio da “mídia”. No terreno da propaganda, Franklin Martins, ministro da Comunicação Social, mobilizou uma súcia de ex-jornalistas para difamar a imprensa que tem vergonha na cara. Os petistas se sentiram fortalecidos. E passaram a repetir em coro: “O mensalão nunca existiu”. As desculpas de Lula ficaram para trás. O Babalorixá de Banânia recorreu àquele expediente quando sua reputação estava indo para o ralo. Recuperado, voltou a demonstrar o temperamento agressivo de sempre. Ao deixar a Presidência, anunciou que uma de suas intenções era descobrir o que de fato aconteceu naquele período, sugerindo que tudo não passou de uma tramóia das… oposições!
Lula foi recuperando aos poucos sua popularidade. À medida que o tempo passava, começou um processo de revisão da história. Para tanto, entrou em campo o time da “Academia”, os petistas universitários. Liderados por Marilena Chaui, alguns “professores” inventaram a farsa de que a crise do mensalão era só uma tentativa de golpe das oposições, com o auxílio da “mídia”. No terreno da propaganda, Franklin Martins, ministro da Comunicação Social, mobilizou uma súcia de ex-jornalistas para difamar a imprensa que tem vergonha na cara. Os petistas se sentiram fortalecidos. E passaram a repetir em coro: “O mensalão nunca existiu”. As desculpas de Lula ficaram para trás. O Babalorixá de Banânia recorreu àquele expediente quando sua reputação estava indo para o ralo. Recuperado, voltou a demonstrar o temperamento agressivo de sempre. Ao deixar a Presidência, anunciou que uma de suas intenções era descobrir o que de fato aconteceu naquele período, sugerindo que tudo não passou de uma tramóia das… oposições!
Dias de hoje
Chegamos, assim, aos dias de hoje. Orientado por Greenhalgh, o advogado do terrorista Cesare Battisti, Delúbio Soares não só nega a existência do mensalão como canta o seu “Non, je ne regrette rien”. Ele não se arrepende de nada! Ao contrário, sente orgulho do que fez. Leiam o que informa Fabio Guibu na Folha Online. Volto em seguida.
*
O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, acusado de ser um dos mentores do mensalão, disse ontem à noite em Recife (PE) que não se arrepende de nada do que fez e afirmou que não vai deixar de fazer política, seja qual for a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o caso. Segundo ele, ninguém enriqueceu e o ocorrido foi um “processo político”. “Vou falar em alto e bom som: não me arrependo de nada, dos cinco anos de isolamento, nada”, declarou Delúbio. “Parei de passear, de fazer as coisas, mas valeu muito e está valendo”, disse ele, referindo-se aos nove anos consecutivos do PT no comando do governo federal e do avanço do partido nos Estados e municípios.
Chegamos, assim, aos dias de hoje. Orientado por Greenhalgh, o advogado do terrorista Cesare Battisti, Delúbio Soares não só nega a existência do mensalão como canta o seu “Non, je ne regrette rien”. Ele não se arrepende de nada! Ao contrário, sente orgulho do que fez. Leiam o que informa Fabio Guibu na Folha Online. Volto em seguida.
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O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, acusado de ser um dos mentores do mensalão, disse ontem à noite em Recife (PE) que não se arrepende de nada do que fez e afirmou que não vai deixar de fazer política, seja qual for a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o caso. Segundo ele, ninguém enriqueceu e o ocorrido foi um “processo político”. “Vou falar em alto e bom som: não me arrependo de nada, dos cinco anos de isolamento, nada”, declarou Delúbio. “Parei de passear, de fazer as coisas, mas valeu muito e está valendo”, disse ele, referindo-se aos nove anos consecutivos do PT no comando do governo federal e do avanço do partido nos Estados e municípios.
Em debate sobre sua defesa no processo, realizado à noite no Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Pernambuco, Delúbio repetiu que o mensalão não existiu. Segundo ele, os R$ 55 milhões captados foram distribuídos a políticos do PT e partidos aliados para pagar dívidas de campanha. Delúbio é apontado pelo Ministério Público como o operador do esquema, denunciado pela Folha em 2005. Se condenado, pode pegar até 111 anos de prisão pelos supostos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
“Delúbio Soares não enriqueceu, os parentes de Delúbio Soares não enriqueceram. Meus pais continuam vivendo da mesma maneira que viviam antes”, afirmou. “E não conheço nenhuma pessoa que pegou esses recursos e botou no bolso”, disse. “Isso eu falo com tranquilidade. Não teve enriquecimento com ninguém, foi um processo da política.” No debate, promovido por dez diretórios municipais do PT no Estado, o ex-tesoureiro distribuiu às cerca de cem pessoas presentes uma cartilha com 77 páginas intitulada “A defesa de Delúbio Soares no STF” e um CD para a navegação automática no site e twitter do petista.
Ao lado dele, o advogado do partido Luiz Eduardo Greenhalgh defendeu o adiamento do julgamento, que deverá ocorrer no próximo ano. “Seria mais conveniente que o processo fosse julgado em ano não eleitoral, para que haja distanciamento das paixões políticas”, disse. Greenhalgh disse que recomendou a Delúbio que divulgue no país sua versão sobre o mensalão, porque considera sua única chance “escancarar o processo”. “O STF é isento, mas a opinião pública já está formada antecipadamente”, disse. Para o advogado, mostrar o processo e formar o que chamou de “massa crítica”, representa uma oportunidade de “consertar o impacto de um julgamento antecipado”. Delúbio disse que ao longo do processo foram feitas “matérias distorcidas” e que não concederá mais entrevistas até o final do caso.
O processo do mensalão, segundo Greenhalgh, tem cerca de 500 mil páginas em 400 volumes. Ele estima que o julgamento levará cerca de 30 dias para ser concluído. “A ação ganhou um caráter midiático, e o Brasil vai parar para ver”, declarou.
Encerro
Está tudo dito aí. Ainda que fosse verdade que ninguém enriqueceu, pergunta-se: crime que não enriquece ninguém — que serve para o fortalecimento de um partido e para que este ponha em prática um projeto de poder — deixa de ser crime? Eles não têm nenhum pudor e, por isso, não têm também limites. Tudo lhes é permitido.
Está tudo dito aí. Ainda que fosse verdade que ninguém enriqueceu, pergunta-se: crime que não enriquece ninguém — que serve para o fortalecimento de um partido e para que este ponha em prática um projeto de poder — deixa de ser crime? Eles não têm nenhum pudor e, por isso, não têm também limites. Tudo lhes é permitido.
Caberá ao Supremo definir que futuro espera o Brasil: se Delúbio e a turma forem absolvidos, fica combinado o compromisso preferencial das instituições brasileiras com o crime. É simples assim.
Por Reinaldo AzevedoREV VEJA
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