domingo, 17 de julho de 2011

Sob Passos, ‘aditivos’ dos Transportes subiram 154%

Renato Araújo/ABr

Escalado por Dilma Rousseff para higienizar a pasta dos Transportes, o “novo” ministro Paulo Sérgio Passos mais parece parte do problema do que da solução.
Um dos flagelos do setor confiado a Passos atende pelo nome de “aditivo”. Trata-se de um tipo de acerto por meio do qual o governo eleva o valor original das obras.
Foi por causa dos aditivos que Dilma Rousseff passou uma carraspana no staff dos Transportes dias antes de estourar o escândalo que eletrificou o ministério.
Pois bem. Descobriu-se que, em 2010, ano em que Paulo Passos foi ministro de Lula, a pasta elevou em 154% os aditivos que engordaram contratos firmados pelo Dnit.
Nos últimos seis meses de 2009, quando respondia pelo ministério o grão-pêérre Alfredo Nascimento, o Dnit assinou 53 aditivos. Coisa de R$ 309 milhões.
No mesmo período de 2010, quando Nascimento disputava o governo do Amazonas e Passos era o ministro, celebraram-se 113 aditivos –R$ 787 milhões.
Desse total, R$ 466,7 milhões (59%) engordaram contratos de obras tocadas por empresas que borrifaram verbas nas arcas eleitorais de políticos governistas.
Derrotado na disputa pelo governo amazonense e devolvido à cadeira de ministro por Dilma, Nascimento lipoaspirou os aditivos.
No semestre inaugural de 2011, o primeiro da Era Dilma, celebraram-se no Dnit 53 termos aditivos. Somaram R$ 353 milhões.
Não é o ministro quem assina os aditivos. Ao mandachuva da pasta cabe, porém, levar o pé ao freio quando necessário.
Curiosamente, o responsável pela formalização dos acertos que tonificam o borderô das obras não é nenhum dos tubarões do PR.
Quem cuida dessa parte do negócio é o petista Hildebrando Caron, atual diretor de Infraestrutura do Dnit.
A turma do PR enxerga em Caron uma espécie de “espião” de Dilma. Salvou-se, por ora, da guilhotina que ceifou seis cabeças, entre elas a de Alfredo Nascimento.
Neste sábado (16), Paulo Passos viu-se compelido a trocar o descanso pelos refletores. Concedeu uma entrevista.
Instado a comentar os “aditivos”, disse que serviram para “otimizar” a aplicação das verbas públicas.
Como assim? Segundo ele, o dinheiro foi carreada de obras que não estavam dentro do calendário para canteiros cujo andamento era “mais satisfatório”.
Lero vai, lero vem Paulo Passos admitiu que pode ter ocorrido falha num dos projetos aquinhoados com aditivos. Qual? Um trecho da BR 101. Quanto? R$ 25 milhões.
Negou, porém, notícia da revista IstoÉ que apontara irregularidades em três obras brindadas com aditivos de R$ 78 milhões.
Por trás dos empreendimentos, estavam empreiteiras que pingaram R$ 5 milhões no caixa de campanha de candidatos do PR em 2010.
Sobre esses casos, Passos disse: "Não há absolutamente nada errado, não há o que contestar".
Em política vigora uma máxima segundo a qual tudo o que precisa de muita explicação boa coisa não é.
Assim, mal deu os primeiros passos, o ministro Passos se complica à medida que se explica.
DO BLOG DO JOSIAS DE SOUZA

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