sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sempre que Tarso tem uma ideia, convém trancá-lo no banheiro e esperar que passe


Sempre que Tarso Genro tem uma idéia, convém trancá-lo no banheiro e esperar que passe, avisei neste espaço em maio de 2009. Se os parentes, amigos e assessores tivessem seguido o conselho, os pugilistas cubanos Erislandy Lara e Guillermo Rigondeax estariam em liberdade há quatro anos, Cesare Battisti numa cadeia na Itália e o Rio Grande do Sul, livre de um governador que discursa até em festa de batizado. Para prevenir os estragos causados pela loquacidade incurável, aliás, também sugeri que, sempre que Tarso ameaçasse fazer alguma declaração, fosse levado ao banheiro e obrigado a antecipar o que diria. Para evitar a ampliação do acervo de frases cretinas, seria proibido por ordem médica de aproximar-se de qualquer microfone.


Essa medida cautelar teria evitado a última do Tarso, consumada nesta quinta-feira. Decidido a garantir o emprego de Hideraldo Caron, militante do PT gaúcho instalado há sete anos na Diretoria de Infraestrutura Rodoviária do DNIT, o governador apresentou-se sem ser chamado como testemunha de defesa. “Duvido que o Hideraldo tenha cometido alguma ilegalidade”, comunicou ao país o ex-ministro da Justiça que também duvida da existência do mensalão e acredita na existência de uma Força Nacional de Segurança. Deu azar.


Na mesma quinta-feira, descobriu-se que Hideraldo ignorou dois pareceres da Advocacia-Geral da União para virar financiador de casas populares em Canoas. Pago para cuidar de estradas, o figurão do DNIT liberou R$ 30 milhões para que o prefeito petista de Canoas, Jairo Jorge, construísse 599 moradias. O conjunto habitacional abrigaria cerca de 2 mil companheiros sem-terra acampados nas cercanias da BR-448, obra do PAC ainda em andamento. Para driblar as objeções da AGU, Hideraldo e o diretor-geral Luiz Antonio Pagot conseguiram o aval do Ministério do Planejamento, comandado por Paulo Bernardo.

O convênio com a prefeitura continua no papel. E está ameaçado de morte por falta de padrinhos. Paulo Bernardo jura que também nessa história foi só um bagrinho. Pagot está preocupado com outros bilhões. E Hideraldo acaba de ser despejado do DNIT. Se não mudou de ideia durante o sono, Tarso está pensando em alojar no governo estadual essa raridade político-administrativa que, além de rasgar estradas e erguer casas ao mesmo tempo, conviveu diariamente com um bando de quadrilheiros, sete anos a fio, sem ter cometido um só pecado.

Hideraldo Caron deve receber um convite ainda hoje. A menos que alguém tranque Tarso no banheiro.
DO B.M.O.V. CONTRA CORRUPÇÃO

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