O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) disse ontem que a presidente Dilma Rousseff não estenderá a outras áreas do governo a faxina que removeu indicados do PR do Ministério dos Transportes. A declaração serviu de recado a outros partidos aliados que reagiram com apreensão à queda do ex-ministro Alfredo Nascimento. "Não haverá prejulgamento. Não haverá caça às bruxas", disse Carvalho, considerado o ministro mais próximo do ex-presidente Lula. Ele afirmou, no entanto, que qualquer acusação no governo será investigada. "Seja o PMDB, seja o PT, qualquer partido está sujeito à investigação se errar."
A crise nos Transportes derrubou 19 servidores desde o início do mês, a maioria ligada ao PR. Ontem, Carvalho fez um afago na sigla. "Acho errado você condenar um partido porque teve no seu meio pessoas que cometeram erros", disse. O Planalto confirmou a indicação, feita pelo ministro Paulo Sérgio Passos (Transportes), para que Miguel Masella, atual secretário-executivo interino da pasta, seja efetivado no cargo.
A presidente Dilma já deu aval à escolha, que pode sair hoje no "Diário Oficial". Homem de confiança de Passos, Masella é o primeiro dirigente confirmado no novo comando da pasta desde a efetivação do novo ministro. A expectativa é que os nomes do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) sejam confirmados até segunda-feira.
Gilberto "Coveiro" Carvalho participou ontem do seminário "Fóruns do Planalto", organizado pelo governo com servidores. No evento, ele admitiu que a "picaretagem" tem aumentado entre ONGs (organizações não governamentais), setor que mantém vários convênios com a União. Responsável pela articulação do Planalto com os movimentos sociais, Carvalho disse que "é uma questão crucial como tratar o dinheiro público, para que o excesso de burocracia não inviabilize esse trabalho [de assistência social] e, ao mesmo tempo, manter a fiscalização para evitar a picaretagem que infelizmente também grassa e cresce nessa área". Segundo ele, só o bloqueio dos repasses não impede irregularidades. Uma alternativa seria a aprovação da CLS (Consolidação das Leis Sociais), para unificar os programas sociais e garantir a concessão de benefícios. O ministro também defendeu o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra): "O que me espanta é que ninguém chamou de violência a brutal grilagem de terra que se fez no Brasil". (Da Folha de São Paulo)
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