Voltei! E como!
Certa imprensa está feliz como pinto no lixo! Aliás, cabe a metáfora mesmo, não a comparação: É pinto no lixo. Ela estava com saudade do demiurgo; não via a hora de aquela doce e acolhedora boçalidade lhe confortar o espírito. Promoveu uma distorção canalha, absurda, do artigo escrito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para levantar a bola na rede para o Apedeuta — que, obviamente, foi lá e cortou.
Em seu artigo, FHC escreveu o que deveria ser óbvio a qualquer humano que ande com os membros superiores longe do chão: o PSDB — a oposição de modo geral — não tem de disputar o mercado de idéias com o PT, o que não quer dizer abandoná-lo, menosprezá-lo ou coisa assim. Partidos escolhem a “parte” da sociedade com a qual pretendem propor questões gerais para a sociedade. Só o fascismo e o comunismo são totalizantes — o que quer dizer, no caso, que são totalitários. Mais: resta evidente do conjunto que o ex-presidente se refere a mecanismos de cooptação.
Mas quê! A canalha intelectual, moral e ideológica saiu urrando: “FHC não quer saber do povão!” Os mais vigaristas mesmo ainda disseram: “Não é que eu ache isso, mas vão dizer isso…” Ah, bom!
Na Inglaterra, depois de faturar uns R$ 200 paus da Telefônica, o Demiurgo Apedeuta não teve dúvida: deu seqüência ao trabalho iniciado pelas franjas do seu partido nas redações:
“Eu. Sinceramente. não sei o que ele quis dizer. Nós já tivemos políticos que preferiam cheiro de cavalo que o povo. Agora tem um presidente que diz que precisa não ficar atrás do povão, esquecer o povão. Eu sinceramente não sei como é que alguém estuda tanto e depois quer esquecer do povão”.
“Eu. Sinceramente. não sei o que ele quis dizer. Nós já tivemos políticos que preferiam cheiro de cavalo que o povo. Agora tem um presidente que diz que precisa não ficar atrás do povão, esquecer o povão. Eu sinceramente não sei como é que alguém estuda tanto e depois quer esquecer do povão”.
Eis aí. Tem o padrão Lula na gramática, na fineza de raciocínio e na honestidade intelectual. Um documento que deveria servir ao debate, que não faria mal nenhum ao país, serviu para reforçar posições do establishment. Os reacionários não aceitam debater coisa nenhuma. Hoje, no Estadão, o ex-presidente esclarece, como se precisasse, o que quis dizer em seu artigo.
A boçalidade brasileira é tal, especialmente em áreas da imprensa, REITERO ISSO, que um artigo precisa agora conter nota de rodapé para explicitar não uma referência teórica, não uma citação histórica, não uma baliza do pensamento. É preciso explicar o óbvio!
Depois de faturar a sua grana em nome do “povão”, Lula foi se encontrar com Hobsbawm, o penúltimo marxista, segundo quem a América Latina, o Brasil em particular, é o único lugar em que ainda se discute política segundo critérios do século 19. É verdade!
Mas Lula ganha um dinheirão segundo a lógica do século 21! Aliás, não fosse a privatização da telefonia promovida pelo governo FHC, ele não estaria lá engordando o caixa com a Telefonica, em Londres. Ele era contra, não é mesmo?
Mas por que teria amor à coerência quem não tem o menor amor à verdade?
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